Bicudo na bola
A “coruna” de hoje tem uma nostalgia sem fim.
Um dos meus amigos de infância, Antonio Bonfietti, da querida e bela Rubiácea, me enviou uma foto do time da cidade.
Acho que era o cascudo do magistral time do Rubiácea Futebol Clube, o majestoso REC, de Paraguaio, Fulu e Meza.
Naquela época, nos anos 60, éramos todos adolescentes e fãs dos jogadores da Seleção Canarinho que, em 1962, no Chile, havia conquistado o bicampeonato Mundial de Futebol.
Quando a gente jogava fora da cidadela, só o velho caminhão GMG era macho pra subir ladeira na chuva e no sol escaldante romper a barreira de poeira vermelha do massapé.
Asfalto, nós ouvíamos dizer que tinha em Araçatuba, que além de ser a Terra do Boi Gordo era chamada de Cidade do Asfalto.
Fomos jogar no Estádio Adelmo de Almeida de Guararapes, mas em Araçatuba, o nosso treinador nunca deixou, talvez por ser o Adhemar de Barros, e juiz lá era ladrão.
A equipe era formada por Preto, Nilton, Eidi, Carlinhos e Quico; França e Quim; Cartola, Nilson, Jair Gomes e Laércio; os irmãos Eurico, Osvaldo, reservas.
Cada um de nós nos espelhávamos nos bicampeões mundiais. O Nilton era o Nilton Santos; eu fazia de conta que era o central e o capitão Mauro Ramos; Carlinhos dizia ser o Zagalo; Quico, o folha seca Didi; França, o Zito; Quim, o Amarildo; Cartola, o Garrincha; Nilson pela sua alvura era o Zózimo; Jair Gomes, o Vavá Peito de Aço; Laércio, o Djalma Santos; Eurico, Gylmar; Osvaldo, Bellini e Preto, só poderia ser o Pelé.
Num domingo chuvoso fomos de GMG pagar a garantia do jogo numa fazenda às margens de um rio. A única bola do jogo ficou com a bexiga pra fora do capotão. Num tiro de meta dei um bicudo estourou o balão de couro e foi cair nas caudalosas águas do Rio Feio. Não me lembro se ganhamos, mas posso afirmar que naquele dia eu acabei com o jogo no crepúsculo da etapa complementar como diria Fiori Gigliotti.