Marchinhas, bailes e bloquinhos
A nostalgia dos carnavais de antigamente terminou nesta quarta-feira de cinzas.
Mas a festa, amada pelos brasileiros, mudou durante o tempo e continua sendo, como antes, a melhor ocasião para juntar amigos e comemorar no clube, na praça ou na rua.
Na nossa Estância, a tradição do carnaval de salão, data a partir dos anos 60 no Santa Fé Tênis Clube e no Clube Nipo, onde havia disputa de foliões entre eles para ser o melhor carnaval da cidade.
Era uma maratona de cinco noites carnavalescas com direito a duas matinês, caracterizando uma festa para toda a família. Havia o concurso de melhor fantasia, do folião mais animado e do bloco mais original. Tudo ao som de uma banda de metais especializada em eventos carnavalescos.
Nos bailes, os participantes escolhiam uma máscara e vestiam fantasias. Havia também grupos de amigos que encomendavam roupas iguais para “brincar o carnaval”, como chamavam à época, munidos de lança-perfumes. O samba e as marchinhas com críticas sociais e políticas agitavam a festa, além da variação romântica, que era um dos momentos mais esperados da festa: dançar lentamente com o par escolhido no estilo Pierrot e Colombina. Muitas vezes a folia extrapolava atrás de um trio elétrico pelas ruas e avenidas da cidade.
O baile de carnaval começava com o Hino do Carnaval, de Lamartine Babo, seguido pelas marchinhas Ó Abre Alas, Allah-La-Ô, Mamãe Eu Quero, Me Dá Um Dinheiro Aí, Cachaça Não é Água, Cabeleira do Zezé, A Pipa do Vovô, Turma do Funil, Aurora, Daqui Não Saio, Cidade Maravilhosa e Máscara Negra de Zé Keti.
O Carnaval era desculpa para o estado de êxtase dos jovens que cantavam – vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval e dos adultos que viam além de si, mais de mil palhaços no salão.
Quem viveu naquela época é um privilegiado por não ter sido processado por dizer: “Maria sapatão, sapatão”, “olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é?” ou “nega do cabelo duro, qualé o pente que te penteia?”