Lamento de um Rio
Me perdoem por toda essa bagunça.
Eu só queria passar.
Eu não fui feito pra destruir.
Eu só queria passar.
Já fui esperança para os navegantes, rede cheia para pescadores, refresco para os banhistas em dias de intenso calor.
Hoje, sou sinônimo de medo e dor.
Mas, eu só queria passar.
Me perdoem por suas casas, por seus móveis e imóveis, por seus animais, por suas plantações.
Eu só queria passar.
Não sou seu inimigo, não sou um vilão, não nasci para destruição.
Eu só queria passar.
Era meu curso natural, só estava seguindo meu destino.
Mas, me violaram, sufocaram minhas nascentes, desmataram meu leito.
Quando, eu só queria passar.
Encontrei tanta coisa estranha pelo caminho que me fizeram transbordar.
Muros, casas, entulhos, garrafas, lixo, pontes, pedras, paus, tentei desviar.
Porque eu só queria passar.
Me perdoem por inundar, enlamear e manchar sua história.
Eu só estava passando.
Seguindo meu trajeto, cumprindo o meu destino: passar…
Poema de Scheilla Lobato, professora de Cachoeiro do Itapemirim-SC