Pelo Telefone
O nosso herói de hoje é o carioca Ernesto Joaquim Maria dos Santos, conhecido como Donga, músico, compositor e violonista brasileiro, que faleceu aos 84 anos no Rio de Janeiro, há 50 anos.
De família humilde, o pai de Donga era pedreiro e tocava bombardino nas horas vagas. A mãe era a famosa Tia Amélia do grupo das baianas Cidade Nova, que promovia festas e gostava de cantar modinhas. Afinal eram oito filhos para cuidar e ninar.
Donga participava das rodas de música na casa da lendária Tia Ciata, ao lado de Pixinguinha e outros artistas da época. Grande fã de Mário Cavaquinho, começou a tocar esse instrumento de ouvido, aos 14 anos de idade. Pouco depois aprendeu a tocar violão. Em 1916, compôs e gravou “Pelo Telephone”, considerado o primeiro samba da história da música brasileira, há mais de um século.
O nosso herói organizou com Pixinguinha a Orquestra Típica Donga-Pixinguinha. Em 1919, ao lado de Pixinguinha e outros seis músicos, integrou, como violonista, o grupo Oito Batutas, que excursionou pela Europa em 1922.
A música popular brasileira passou por uma fase de transição e modernização entre 1917 e 1920. Marcado pela onda de renovação de costumes pós guerra, o período foi de implantação de inventos tecnológicos e formação de novos gêneros musicais.
O sucesso naquela época foi o samba Pelo Telefone, que despertou a atenção dos compositores. A partir dali eles começaram a fazer samba e, logo em seguida, marchas carnavalescas. Em pouco tempo, a moda pegou, criando o hábito nos foliões de cantarem nos bailes.
Criação coletiva de autoria controversa, Pelo Telefone foi registrada em 27 de novembro de 1916, como sendo de autoria apenas de Donga, que mais tarde incluiu o jornalista Mauro de Almeida como parceiro.
A música foi concebida em um famoso terreiro de candomblé daqueles tempos, a casa da mãe de santo Tia Ciata, frequentada por grandes músicos, políticos e boêmios da época. Por ter nascido em uma roda de samba, de improvisações e criações conjuntas, vários foram os músicos que reivindicaram a autoria da composição, o grande sucesso no carnaval de 1917 com os versos: O chefe da folia pelo telefone manda avisar / Que na carioca tem uma roleta para se jogar / Ai, ai, ai / Deixa as mágoas para trás ó rapaz / Ai, ai, ai / Fica triste se é capaz e verás…