Especialista fala sobre a questão das quedas em idosos

Publicado em 16/11/2024 00:11

Por Lelo Sampaio e Silva

Sabe-se que a queda é um evento bastante comum em pacientes idosos. Pode sinalizar o início de fragilidade ocasionada pela própria idade ou indicar uma doença aguda. Entre os idosos com 80 anos ou mais, 40% sofrem quedas em um período de um ano, levando a um alto índice de lesões com necessidade de tratamento ambulatorial e internações. A prevalência de ocorrências de quedas é maior em idosos com idade avançada acima de 80 anos, do sexo feminino, e em pessoas com história prévia de quedas.
O Jornal entrevistou o médico, especialista em ortopedia e traumatologia, Eloy Lopes Ferraz Neto, para saber um pouco mais sobre essa intercorrência cada vez mais comum, principalmente em idosos.
Segundo ele, as principais causas de quedas em idosos são decorrentes de distúrbios da marcha, equilíbrio, vertigem, dano cognitivo, confusão mental, fraqueza dos membros interiores, limitação da mobilidade dos membros inferiores e problemas do ambiente. Esses fatores são provenientes de comorbidades preexistentes, como patologias clínicas, lesões neurológicas, patologias músculo esquelético, sedentarismo, uso inadequado de medicamentos e ambientes inseguros que também levam ao aumento da probabilidade de quedas. Idosos fragilizados caem durante atividades rotineiras aparentemente sem risco e geralmente dentro de casa.
“A queda em idosos é considerada uma urgência e deve ser avaliada em um serviço de emergência, o mais rápido possível. Isto porque, devido às quedas, os idosos estão suscetíveis a desenvolver lesões relacionadas como o traumatismo craniano e fraturas. As fraturas mais comuns em idosos decorrentes de quedas são fratura de fêmur proximal, fratura dos ossos do ante braço distal, fratura do úmero proximal e fraturas da coluna. Essas lesões serão tratadas dependendo da sua gravidade, podendo ser de modo conservador, envolvendo repouso, medicamentos e mobilização, ou cirúrgico, nos casos mais graves. Dentre as lesões, o traumatismo cranioencefálico (TCE) e a fratura do fêmur proximal devem ser considerados os mais críticos, devido às altas taxas de morbidade e mortalidade, além do potencial de causar sequelas permanentes que impõem limitações na vida do idoso”, explicou o especialista.
O médico, especialista em ortopedia e traumatologia, destacou que o risco de cair aumenta linearmente com o número dos fatores de risco. Caso consiga eliminar um fator de risco, a probabilidade de cair também reduz.
Assim, segundo ele, deve-se tentar estratégias que eliminem ou diminuam ao máximo os fatores que possam causar a queda do idoso, como a prática de exercícios, que tende a melhorar a aptidão física e impedir a inatividade e a imobilidade, contribuindo para reduzir os riscos de queda (treinamento do equilíbrio, hidroginástica, Yoga, Pilates, academia etc); controle clínico de patologias pré-existentes que podem levar à quedas (hipertensão, diabetes, labirintopatias e arritmias); tratamento e prevenção de patologias neurológicas (Parkson, demências, neuropatias, AVC e depressão); tratamento de patologias oftalmologias que diminuem a acuidade visual (usar óculos); patologias musculoesqueléticas que podem levar à atrofia muscular, limitação da mobilidade articular e fragilidade óssea. A osteoporose é um exemplo deste tipo de patologia e deve ser tratada com medicamentos, atividade física, banho de sol para produção de vitamina D, ingestão adequada de cálcio com produtos lácteos.
O médico Eloy Lopes Ferraz Neto também pontuou que outro exemplo é a artrose de membros inferiores, que deve ser tratada com medicamentos, exercícios, uso de órtese, bengala, andador e procedimento cirúrgico com prótese de quadril e joelho, quando necessário.
De acordo com ele, o controle adequado dos medicamentos é fundamental para evitar interações medicamentosas, uso inadequado e consumo excessivo que podem levar à quadros de vertigem, síncope, distúrbio do equilíbrio e outros sintomas. Os medicamentos devem ser criteriosamente rotulados e dispostos em uma lista atualizada para que sejam apresentados em todas as consultas médicas. Deve-se informar o médico sobre os efeitos colaterais de medicações e tomar os remédios nos horários corretos, seguindo a orientação da receita médica.
Para ele, o controle de riscos ambientais inseguros diminuem o risco de queda, como arquitetura adequada das casas, iluminação de ambientes, instalação de barras de apoio nos banheiros e corrimão nas escadas, piso adequado para evitar escorregões, retirada de tapetes e fios que atravessam a passagem, organização dos móveis de forma que o caminho fique livre e uso de cadeira de plástico firme para sentar durante o banho.
“A queda em idosos deve ser reconhecida como um problema extremamente grave para os serviços de saúde, para a sociedade e, principalmente, para o bem estar das pessoas que sofrem as quedas. Além dos problemas médicos, as quedas acarretam custos sociais, econômicos e psicológicos significativos”, finalizou o médico, especialista em ortopedia e traumatologia, Eloy Lopes Ferraz Neto.

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