DIRETAS JÁ!

O movimento pelas “Diretas Já” teve grande importância na redemocratização do Brasil. Suas lideranças passaram a formar a nova classe política brasileira e o processo de redemocratização culminou com a volta do poder civil em 1985 e na aprovação de uma nova Constituição da República de 1988.
O mês abril, o ano 1.984 o Brasil empolgou-se pela retomada do poder civil e pelas eleições diretas em todos os níveis, principalmente para o cargo de presidente da República.
Estudantes, sindicatos, associações, artistas; enfim, toda a sociedade civil se mobilizou para se estabelecer, no Brasil, um Estado democrático de Direito.
Recém formado em Direito, lá estávamos nós no Vale do Anhangabaú.
A massa de manifestantes na Praça da Sé começou a caminhar para o Vale do Anhangabaú, onde também já havia um mar de pessoas. No período da tarde, a multidão começou a cantar o Hino Nacional, diante de prédios comerciais com suas janelas cheias de espectadores assistindo e lançando uma chuva de papel picado. Havia gente trepada até nas árvores e no topo das estátuas na lateral do Teatro Municipal.
No palanque, de Lula e Brizola a Tancredo e Ulisses. Sócrates, Fafá de Belém e outros artistas presentes. No Vale, indistintamente, todos a gritarem, numa só voz, “Diretas Já”, que ecoou no seio do povo. Perdemos a batalha, pois a apelidada Emenda “Dante de Oliveira” não foi aprovada, mas valeu a pena a luta, já que nossa alma não era pequena.
Depois, com a Carta Magna de 1.988, o voto passou a ser direto, secreto e com valor igual para todos. O bipartidarismo foi extinto, bem como as eleições indiretas, e assim diferentes ideias e posições passaram a ser representadas nos poderes Executivo e Legislativo.
Conquistamos o direito de votar e ser votado, ou seja, temos o dever de participar da vida política e sempre com postura ética.
“Diretas Já” não caiu do céu, porque naquele espaço onde estão os astros é para nossa contemplação, a vida diária aqui é mais árdua e sempre exigiu e exige luta, ainda que seja para exercer a cidadania, através do voto.
Cada conquista de um direito corresponde diretamente com a luta do povo, sem individualismo. E as “Diretas Já” é um exemplo dessa mobilização, consciente e coletiva.