O ESTILINGUE E A ARMA

Publicado em 15/11/2025 00:11

Quando criança eu gostava de caçar aves, de estingue e embornal (sacola de alça) para colocar as pedras (feitas de saibro). O saibro o encontrava no barranco, em que no meio é a passagem de trens ali em Três Fronteiras.
O estilingue, por sua vez, enquanto arma de arremesso constituída de uma forquilha provida de um par de elásticos presos a uma lingueta de couro, com que se lançam pedras para matar pássaros, não vejo mais nas mãos das crianças e adolescentes, mas celular, sim, estão nas mãos das crianças e adolescentes.
Entendo que as crianças, nesse ponto, rejeitaram a finalidade que tinha o tal estilingue, substituindo-o por celular.
O interessante é que, paradoxalmente, os adultos – agora incentivados – aderem a ideia do armamento.
Há o mito da segurança: eu compro a arma para ficar mais seguro. Os dados da UNE, baseados em números da Universidade de São Paulo e do Núcleo de Estudos da Violência, mostram que o uso da arma para a reação é inútil. A cada 16 casos de uso de arma, em 15 o cidadão que a usa sai ferido, gravemente, quando não morto.
As crianças conscientizaram na não-violência e passaram a respeitar a natureza.
Já os adultos parecem que estão em processo de “involução”.
Ao Estado cabe a defesa do cidadão e a política de segurança pública.
O Estado tem a obrigação também de evitar que a arma chegue ao bandido, ao marginal, às facções, sabendo-se que as “armas” não nascem nos morros, a estrutura criminal (empresarial) que as leva até lá…
Estilingue e arma têm que virar peça de museu, para sinal de evolução. As armas não podem “subir” o morro!

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