Brasil enfrenta epidemia de Sífilis, e número de infectados em Santa Fé pode ser muito maior do que se imagina
Por Lelo Sampaio e Silva
O Ministério da Saúde admitiu nesta semana que o Brasil enfrenta uma epidemia de Sífilis. Entre junho de 2010 e 2016 foram notificados quase 230 mil casos novos da doença, de acordo com o último boletim epidemiológico do governo.
Três em cada cinco ocorrências estavam no Sudeste e a transmissão de gestantes para bebês é atualmente o principal problema.
A situação foi qualificada como “epidemia” somente agora, mas vem se desenvolvendo há mais tempo.
Em 2015, por exemplo, no país todo foram notificados 65.878 casos. A maioria desses ocorreu na região Sudeste (56,2%) e afetou pessoas na faixa etária dos 20 aos 39.
Em 2010, a incidência da doença em homens era maior – cerca de 1,8 caso para cada caso entre mulheres. Essa média caiu para 1,5 homem/mulher em 2015, ou seja, as mulheres são o grupo cuja vulnerabilidade vem aumentando.
Em Santa Fé
Assim como em todo o país, atualmente no município de Santa Fé do Sul vem ocorrendo um aumento no número de casos notificado de Sífilis. Até o momento já foram notificados desde o início do ano 4 casos de Sífilis congênita, 7 casos de Sífilis em gestantes e 13 casos em adultos.
Para conter o avanço da doença, o município, através da supervisão do SAE/CTA – Serviço de Assistência Especializada/Centro de Testagem e Aconselhamento – e Vigilância Epidemiológica, vem intensificado atividades em todas as unidades de saúde do município, principalmente nas ESFs – Estratégias de Saúde da Família – através de orientações, oferecimento de testes rápidos, acompanhamento do pré-natal, implantação do pré-natal do homem, campanhas de testagem rápida para diversas doenças transmissíveis, inclusive sífilis, acompanhamento de casos notificados, busca de parceiros de casos positivos e outras ações extramuros com o CTA itinerante.
A principal forma de transmissão é o contato sexual. A gestante também, por via hematogênica (pelo sangue), transmite para o feto a bactéria em qualquer fase da gravidez ou em qualquer estágio da doença. A transmissão via transfusão de sangue pode ocorrer, mas atualmente é muito rara, em função do controle do sangue doado.
O que é Sífilis
A Sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, crônica que se manifesta em diferentes estágios.
Sem tratamento, apresenta evolução em fases: inicialmente com feridas na pele, pode evoluir para complicações que levam ao óbito, podendo afetar o sistema cardiovascular e neurológico.
São três estágios: primário, secundário e terciário. Os sintomas primários podem aparecer entre dez dias e três meses após a pessoa ter sido exposta à infecção. O sintoma mais comum é uma pequena ferida indolor no local onde a infecção foi transmitida – no pênis, na vagina, no reto, na língua ou nos lábios. Por ser indolor e se não for tratada, ela avança para o segundo estágio.
O estágio secundário da doença começa algumas semanas depois da primeira fase. Podem surgir, desde erupções na pele e cansaço, até dores de cabeça e aumento dos gânglios linfáticos. Os sintomas da Sífilis em seu estágio secundário podem ir e vir ao longo de meses. Em seguida, se ainda não são notados e tratados, os sintomas podem desaparecer completamente e a doença passa para sua fase mais perigosa: a Sífilis terciária.
No terceiro estágio, a sífilis pode ser perigosa, podendo causar paralisia, cegueira, surdez e até mesmo acidentes vasculares cerebrais.
Prevenção
A principal forma de prevenção é o uso de preservativos no ato sexual. O tratamento correto e completo também é considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia de transmissão. O tratamento de ambos os parceiros é muito importante na prevenção para impedir que ocorra a reinfecção, garantindo que o ciclo seja interrompido.
Em relação à Sífilis na gestante e à sífilis congênita, é importante o diagnóstico precoce. É necessário testar todas as mulheres que manifestarem o desejo de engravidar. Um pré-natal qualificado pressupõe como rotina exames para o diagnóstico da Sífilis no primeiro trimestre, de preferência já na primeira consulta, devendo estes exames serem repetidos no terceiro trimestre da gestação.
Atualmente a Secretaria Municipal da Saúde realiza o pré-natal do homem, onde o pai também é submetido a vários exames para investigação de supostas doenças, como a Sífilis, HIV/Aids e Hepatites.