Brasileiros estão sendo obrigados a conter gastos
Por Lucas Machado
Consumidores buscam produtos mais baratos ou até procuram marcas diferentes
Um levantamento divulgado pelo SPC – Serviço de Proteção ao Crédito –, e pela CNDL – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas –, nesta semana, aponta que 85,9% dos brasileiros tiveram que reajustar o orçamento doméstico devido à crise econômica que atinge todo o País. Foram entrevistadas 602 pessoas em todas as capitais e, também, em cidades do interior.
Nesta semana, a reportagem de O Jornal entrevistou duas pessoas, sendo uma de Três Fronteiras e a outra de Santa Fé, que relataram que tiveram que conter gastos e optar por ‘adequações’, tanto em marcas como na restrição de produtos.
A moradora de Três Fronteiras, Maria Aparecida Villalon Rossigali, de 55 anos, técnica em Enfermagem, relatou que antigamente gastava metade do salário em supermercado, e o restante no açougue e para pagar contas como água, luz, telefone e feira.
“Hoje, o que ganho só dá para pra pagar a água, a luz, o açougue e a feira. Tive que me desfazer do telefone para cortar gastos”, disse ela.
Maria disse também que optou pela troca de marcas. “Troquei várias marcas de produtos pelas mais baratas, e alguns produtos que faziam parte da minha lista de compras eu tirei, como geleia, iogurte e bolachas. Diminui também a compra de embutidos e enlatados, tais como ervilha, milho, figo, pêssegos e massa pronta para bolos, assim como bebidas”, relatou Maria.
A técnica em enfermagem relatou que não acredita em uma melhora. “Para que haja uma melhora, tem que haver uma mudança na política nacional. É necessário se atentar para as condições em que a classe baixa vive e reavaliar o valor de uma cesta básica, incluindo produtos de limpeza e higiene pessoal, pois, além da alimentação, o brasileiro tem que arcar com contas de água e energia, que não fazem parte da cesta básica, mas que sobem desproporcionalmente em relação ao salário mínimo”, concluiu ela.
Já para a do lar Nair de Carvalho Miranda, de 58 anos, moradora do bairro Orestes Borges, em Santa Fé, a relação entre quantidade e qualidade mudou. “Eu só compro produtos na promoção, e viso mais a quantidade do que a qualidade às vezes”.
Nair relatou ainda que gastava em média R$ 1 mil em compras no supermercado, e atualmente gasta a mesma quantidade, porém volta com bem menos produtos.
“Tive que trocar por produtos mais baratos, como os de limpeza, higiene pessoal, como shampoo, creme dental, sabão, entre outros, e alguns tipos de frutas, verduras e legumes optei pelos que estão em promoção”, disse.
Para finalizar, Nair afirmou que há uma expectativa de melhora para daqui a dois anos; entretanto, apenas quando houver uma reformulação na política brasileira.