Cresce o número de inadimplentes em Santa Fé
Por Lucas Machado
Estamos vivendo em tempos de crise e falta de emprego, e, embora haja corte de gastos, o número de inadimplentes oscila. Diariamente nomes de pessoas físicas ou jurídicas são inclusos ao SCPC – Serviço Central de Proteção ao Crédito – e, ao mesmo tempo, nomes também são exclusos.
Segundo um estudo realizado pelo SCPC e a CNDL – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas – em todas as capitais, quatro em cada dez brasileiros, ou seja, 45% da população, estão inadimplentes e não têm condições financeiras de pagar suas dívidas atrasadas em um intervalo de até três meses.
De acordo com o levantamento do estudo, a perspectiva de continuar inadimplente é mais frequente nas classes C, D e E (46%) do que nas classes A e B (32%).
Segundo dados da ACE – Associação Comercial e Empresarial – de Santa Fé, de janeiro de 2015 até abril deste ano, ao todo foram 2.351 nomes de pessoas físicas inclusos ao SCPC, e 1.462 nomes foram retirados. Na mesma época, 14 nomes de pessoas jurídicas foram inclusos ao SCPC, e 7 foram exclusos.
De janeiro deste ano até abril, 267 moradores da cidade tiveram seus nomes inclusos ao SCPC, e 304 foram retirados. Na mesma época, no ano passado, os números são maiores, pois 672 nomes foram inclusos ao órgão de proteção ao crédito, e, ao mesmo tempo, 388 foram retirados.
Os valores médios das dívidas dos inadimplentes e suas rendas são consideravelmente diferentes e o dinheiro de plástico (cartão de crédito) é o principal responsável pelas dívidas (42%), seguido pelas parcelas de cartão de lojas (41%).
Os empréstimos junto a bancos e empresas financeiras equivalem a 25% das dívidas; contas de telefone, 11%; cheque especial, 10% e parcelas a pagar no carnê, boleto ou cheque pré-datado, 10%.
Desemprego
O desemprego e o salário atrasados são os principais motivos do atraso nos pagamentos de contas. O descontrole financeiro e a falta de planejamento também são geradores da inadimplência.
A taxa de desemprego do primeiro trimestre de 2016, que ficou em 10,9%, o equivalente a 11,1 milhões de pessoas, subiu em todas as grandes regiões do país, na comparação com o mesmo período de 2015.
Os dados fazem parte da Pnad Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – detalhada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –.
No Sudeste, onde está concentrado o maior contingente de trabalhadores, a taxa subiu de 8% para 11,4%, 3,4 pontos percentuais a mais que a aferição anterior.
A classe média encolheu em 2015. Um milhão de famílias passou a ter um padrão de vida pior por causa da crise econômica. A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa usou informações de institutos oficiais para medir o padrão de vida das pessoas.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, através do Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados –, que analisa a quantidade de empregados em setores como extrativa mineral, indústria de transformação, serviços industriais de utilidade pública, construção civil, comércio, serviços, administração pública, agropecuária, extração vegetal e caça e pesca, em Santa Fé, em 2015 houve 2.924 admissões (contratações) e 3.167 desligamentos. Nos três primeiros meses deste ano, houve 757 admissões, e 735 desligamentos.
Comparados ao ano passado, os números caíram, ou seja, houve menos admissões e desligamentos, pois nos três primeiros meses de 2015, 877 pessoas foram contratadas, enquanto 907 perderam seus empregos.
Fernanda Mingatos mora em Três Fronteiras, é solteira, tem 23 anos e tem um filho de seis anos. Ela relatou que, embora resida em outra cidade, até o final de 2015 trabalhava em Santa Fé.
“Terminei a faculdade de Direito no ano passado, e agora estou estudando para passar na prova da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil –. Ainda em dezembro eu trabalhava, mas tive que sair do emprego, pois era vinculado à faculdade. Desde então, embora tenha procurado, não encontrei nada”, disse.
Ela disse ainda que não perdeu as esperanças, e que muita coisa mudou de lá pra cá. “Tive que cortar muita coisa, pois, eu tenho meu filho e as necessidades dele são prioridade. Não está sendo tão fácil, mas eu continuo procurando e espero que até o meio do ano consiga alguma coisa”, disse.
Para R.C., moradora de Santa Fé, e que preferiu não se identificar, a busca por um emprego tem se tornado cada dia mais difícil. “Sou mãe de dois filhos e moro com eles. Não posso ficar gastando com supérfluos. As contas que eu pago vem do dinheiro recebido em ‘bicos’. Cortei muita coisa da lista de compras no supermercado, mas ainda restam as contas de energia, água e aluguel”, disse ela.
R.C. relatou à reportagem que enquanto não encontra algo para fazer, trabalha como garçonete, costureira e até faxineira. “Eu não tenho preguiça de trabalhar, mas preciso de algo fixo, pois meus filhos estão crescendo e querem comprar as coisas, mas não posso gastar”, finalizou ela.
Vagas de emprego
Atualmente há, no PAT – Posto de Atendimento ao Trabalhador –, em Santa Fé, uma vaga para açougueiro, com experiência; uma vaga para costureira, com experiência; uma vaga para vendedor de consórcios, para mulheres ou homens, sem necessidade de experiência e uma vaga para vendedor externo, que seja aposentado, tenha habilitação para dirigir carro e moto, e sem experiência.