Crise gera queda nas vendas e aumento de inadimplência na cidade

Publicado em 12/09/2015 00:09

Comerciantes têm sofrido com calotes e cheques ‘voadores’

Por Daniela Trombeta e Lucas Machado
capa CRISEA crise tem gerado muito transtorno a toda a população, que se vê obrigada a conter gastos, como com compras de roupas, calçados, móveis, eletrodomésticos e eletrônicos, dando prioridade então para alimentação e contas de água, energia e aluguel.
Por isso, alguns setores do comércio já estão sofrendo com a queda das vendas e também com a inadimplência.
De acordo com o proprietário da loja Hombre, Alessandro Martins, em comparação com o ano passado, houve grande queda nas vendas. “Pelo menos em torno de 20%; assim, dispensei dois funcionários e fiquei apenas com um”, falou.
Disse também que a inadimplência aumentou. “O problema é vender em notas promissórias e também receber em cheques; por isso, a prioridade é o cartão de crédito, para evitar os famosos calotes”, finalizou.
Segundo o gerente da loja Styllus, de calçados e confecções, Claudemir Banho, houve uma queda de 12% nas vendas, e a inadimplência aumentou.
“Não posso afirmar com certeza em percentual o valor que a inadimplência aumentou, entretanto, acredito que chegue a uns 5%”, disse Claudemir.
Questionado sobre o quadro de funcionários, o mesmo relatou que não irá contratar; entretanto, não pode dispensar. “No final do ano sempre contratávamos funcionários para ajudar, mas, por conta da crise, esse ano não será possível. Ainda no final do ano, as vendas aumentavam em pelo menos 30%; entretanto, acredito que neste ano não teremos chances de aumento”, disse.
Claudemir ainda relatou, também, que não adianta realizar promoções, pois há pouca circulação de clientes.
Já Antônio José Guirao, gerente e proprietário da loja Móveis Casabella, afirma que mantém o mesmo quadro de funcionário há alguns anos. “Não dispensei e nem contratei. Sinto que não posso dispensar, porque o comércio é cheio de altos e baixos, e, embora não esteja com frequência de movimento, se eu dispensar pode haver problemas no atendimento, pois o movimento está oscilando”, disse ele.
Ele falou ainda que houve uma queda nas vendas. “No primeiro semestre, para mim, em relação ao ano passado, tivemos um crescimento, mas nesse segundo semestre já houve queda de vendas, de 15% a 20% em relação ao último ano. A inadimplência tem dado ‘mais trabalho’. Não subiu muito, mas tem acontecido atrasos”, relatou.
Antônio contou que tem dado descontos e realizado promoções, mas que há um detalhe, a promoção prejudica o ganho. “Não tem como afirmar ‘eu vendi bem, mas vendi tudo na promoção’. A promoção significa redução de lucros; entretanto, é uma saída, desde que você tenha produtos em estoque que precisa vender”, concluiu.
O setor alimentício, como supermercados e açougues, mantem suas vendas, mas também já registra problemas e, no geral, os consumidores estão comprando produtos que estão em promoção, não se importando se são ou não de primeira linha.
De acordo com a gerente do supermercado Guirao, Kely Cristina Guirao Vieira, “o setor alimentício é de primeira necessidade, portanto as vendas continuam normais. Diminuíram as vendas de produtos que não são de primeira necessidade, como, por exemplo, presentes, produtos de utilidade doméstica, uma vez que a população está evitando a compra de produtos supérfluos”, relatou.
Kely explicou que a inadimplência subiu, e que não houve dispensa de funcionários. “A crise existe, sim, todos estão percebendo, mas não dispensamos, porém não contratamos novos. Estamos com o mesmo quadro de funcionários”, disse.
Ela relatou ainda que são realizadas promoções semanais e promoções internas para manter a frequência dos clientes.
Outro setor que comercializa itens de primeira necessidade são as farmácias ou drogarias.
Segundo o proprietário da Farmais, Montalve Longo, o Tito, o quadro de funcionários (cerca de 20), foi mantido, apesar da crise. “Para que não houvesse demissões, fizemos um esquema de trabalho, porém, não sei até quando conseguiremos mantê-lo. A crise chegou e o sistema farmacêutico encontra-se com graves problemas e, apesar de medicamentos serem itens de primeira necessidade, os encargos aumentaram e muitas farmácias, como tenho sabido, encontram-se no vermelho e não estão conseguindo se manter”, afirmou ele.
Para o gerente da Farmácia Chico Farma, Francisco de Assis Fontineli, não houve diminuição nas vendas. “O único problema é que cheques estão voltando. Continuamos divulgando em jornais e trabalhando muito com marketing. Entretanto, houve certo aumento da inadimplência. Em relação ao quadro de funcionários, houve um aumento”, relatou.
Francisco afirma que o setor farmacêutico é de necessidade, e, em muitos casos, de urgência; então, por essa razão, não há diminuição nas vendas; entretanto, a inadimplência aumentou cerca de 15% em relação ao ano anterior.
Já José Antonio Neto, da Drogaria Navarro, relatou que no ano passado, quando percebeu os rumores sobre a crise, a primeira ação foi a de diminuir as compras de estoque. “Não sabendo que rumo a crise tomaria, também dispensei dois funcionários. No geral, aparentemente a crise não afetará mesmo o setor farmacêutico, pois todos precisam continuar comprando remédios; porém, a inadimplência já atinge o setor”, relatou.
Sobre a inadimplência, Neto contou ainda que deixou de vender ‘fiado’ para pelo menos 80 clientes. “Ainda há inadimplência com relação aos cheques, mas as vendas não diminuiriam”, finalizou.
Investimento
Apesar da crise, há quem ainda decida investir em um comércio, como foi o caso do empresário Kazuo Ogihara, que já era, junto com o sócio José Humberto, proprietário da Imobiliária Terra Nobre, e resolveu, agora, investir sozinho em uma franquia. “Eu tinha um capital parado e comecei a pesquisar em um comércio para investir. A crise não me intimidou e prestei atenção na viabilidade comercial e estudei bastante a região, visitando várias cidades e franquias, inclusive experimentando seus produtos até resolver no que investir, e posso dizer que no ramo alimentício não teve tantas mudanças devido a crise”, contou ele.

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