Dermatologista fala sobre tipos de câncer de pele e seus tratamentos.
Por Vinicius da Costa
Após o Outubro Rosa e Novembro Azul, agora é a vez do Dezembro Laranja. O objetivo do movimento é chamar a atenção para o câncer de pele, que corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no Brasil.
Em entrevista a O Jornal, a dermatologista Bethina Mori Coelho Araújo relatou que o câncer de pele é causado por células da pele que passaram por alguma transformação e começam a se multiplicar, criando um tecido doente, conhecido como tumor.
“O tipo mais comum se origina na camada basal da pele, o CBC – Carcinoma Basocelular –, que corresponde a 70% de todos os cânceres de pele.
Esse tipo possui menor potencial de malignidade, seu crescimento é lento e muito raramente ele irá se espalhar, mas pode destruir os tecidos a sua volta, atingindo até cartilagens e ossos, surgindo mais frequentemente em regiões mais expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas”, disse.
O Segundo tipo mais comum de câncer de pele é originado das células da camada espinhosa, o CEC – Carcinoma Espinocelular ou Carcinoma Epidermóide –.
“Esse tipo é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres e possui um crescimento mais rápido e pode enviar metástases para gânglios linfáticos e outros órgãos, ou seja, pode-se espalhar-se. O espinocelular costuma surgir em áreas da pele que sofreram exposição prolongada ao sol e, a partir de ceratoses actínicas, que são lesões decorrentes da exposição solar acumulada durante a vida e consideradas pré-cancerosas. Também é comum ocorrer em áreas como a boca ou o lábio, cicatrizes de queimaduras antigas, áreas da pele com processos inflamatórios crônicos, como as úlceras de perna, ou áreas que sofreram irradiação, certos agentes químicos e uso de medicamentos antirejeição de órgãos transplantados. Normalmente, os CEC têm coloração avermelhada, e apresentam-se na forma de machucados ou feridas espessas e descamativas, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente, podendo ter aparência similar a das verrugas também”, afirmou a doutora.
Já o terceiro tipo de câncer de pele é originado das células que produzem o pigmento da pele, chamado de Melanoma.
“Este câncer de pele é o mais perigoso, pois frequentemente envia metástases para outros órgãos, e que podem levar o paciente ao óbito e pode surgir a partir da pele sadia ou a partir de ‘sinais’ escuros que se transformam. Apesar de ser mais frequente nas áreas da pele comumente expostas ao sol, o melanoma também pode ocorrer em pessoas de pele mais clara, e pessoas que possuem sinais escuros na pele podem ter mais risco de desenvolver a doença, portanto, devem se proteger dos raios ultravioletas do sol e evitar traumas frequentes, que podem estimular a sua transformação”, relatou.
A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento do câncer.
“Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem se submeter a exames preventivos regularmente. O risco aumenta quando há casos registrados em familiares de primeiro grau. Por isso, qualquer alteração em sinais antigos, como mudança da cor, aumento de tamanho, sangramento, coceira, inflamação. O surgimento de áreas pigmentadas ao redor do sinal justifica uma consulta ao dermatologista para uma avaliação da lesão”, esclareceu a dermatologista.
Bethina afirmou que na maioria das vezes o tratamento é cirúrgico, realizando destruição das lesões por radioterapia ou criocirurgia com nitrogênio líquido. “Quanto antes a lesão for retirada, maior a chance de se curar a doença e de se evitar a disseminação de células cancerosas para outros órgãos”, disse.
Cerca de 75% da radiação solar recebida durante a vida ocorre nos primeiros 20 anos. “Os efeitos da radiação ultravioleta só se manifestam com o passar do tempo, fazendo com que as lesões começam a aparecer na maioria das vezes porvolta dos 40 anos. Portanto, é necessário evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação dos raios Ultravioleta no período das 10:00 e 16:00 horas. Utilizar diariamente, e não somente em horários de lazer ou diversão, filtros solares que protejam contra a radiação UVB e UVA e que tenham no mínimo um fator de proteção solar 30. Já aqueles pacientes que fazem muita atividade física e que suam bastante, devem evitar os filtros solares tipo géis, creme, loção, ou spray, pois saem facilmente”, afirmou.
O correto é observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas. “Caso algo suspeito apareça, a pessoa deve consultar um dermatologista, para um exame, sendo essas as melhores estratégias para prevenir todos os tipos de cânceres de pele”, finalizou a dermatologista Bethina Mori Coelho Araújo.