Facebook: o “amigo confidente” de muitas pessoas
Por Lucas Machado
Até que ponto o consumo do Facebook deixa de ser apenas usual e passa a ser um vício? Muitas pessoas simplesmente não conseguem passar um dia sem se conectar e fazer postagens, mesmo que seja apenas uma de ‘bom dia’, ou uma frase de uma música preferida.
Entretanto, há também aquelas pessoas que publicam tudo sobre sua vida pessoal, discutem em postagens, e não se cansam.
A moradora de Três Fronteiras Gabriela Karine Lima dos Santos Garcia, de 21 anos, relata que usa muito o Facebook, tanto para a comunicação reservada com seus amigos, quanto para expor seus pensamentos, sua ira, e sua revolta sobre determinados temas. “Às vezes, reconheço que exagero. Quem me conhece sabe o quanto sou irônica nas minhas postagens, que já me renderam algumas inimigas e várias intrigas. Entretanto, eu costumava usar muito mais antes da minha gravidez”, contou Gabriela.
Ela relatou ainda que, quando engravidou, seus amigos acompanharam sua gestação, desde o exame positivo até o nascimento de sua filha Laura, e atualmente o dia a dia dela também. “Hoje, posto cada evolução da minha filha para meus amigos verem, inclusive para alguns que moram fora. Há alguns dias cheguei a desativar meu Facebook, pois estou estudando para um concurso, mas o vício falou mais alto, e acabei o reativando”, disse ela.
O que diz a Psicologia
A reportagem entrevistou a psicóloga da Clínica Harmonia e Vida, de Santa Fé, Ellen da Costa Assis, especialista em Psicologia Organizacional.
Questionada sobre a diferença entre alguém que gosta se expor e alguém que tem a necessidade de se expor nas redes sociais, a mesma afirma que, em sua visão, não vê diferença. “A pessoa tanto gosta como tem essa necessidade de se expor, desejando a aprovação do outro, de seus seguidores e amigos, considerando que as redes sociais, em especial o Facebook, são janelas abertas para a vida das pessoas, onde podem tanto observar o outro, como serem observadas”, explica Ellen.
Ela relata que isso ainda é um assunto muito complexo, não criticando o uso das redes sociais, que têm seus pontos positivos, mas, negativamente, permite às pessoas explorarem características de sua personalidade que, nas relações sociais presenciais e no status off-line, são limitadas, ou seja, demonstram na “vida virtual” o que não demonstrariam na vida real.
“Isso favorece o comportamento compulsivo e narcísico, que é postar exageradamente atualizações nas redes sociais, como fotos, textos e localização de onde está. Isso porque os limites impostos pela sociedade referentes ao comportamento de uma pessoa na sociedade, na vida online, parecem não existir, motivando, assim, a auto expressão, e até mesmo o desenvolvimento de uma nova identidade”.
Ellen explica que um tratamento para este tipo de caso seria a terapia, ressaltando que não são todos os usuários das redes sociais que se comportam narcisicamente. “De forma geral, as redes sociais possibilitam essa forma de expressão, e a terapia ajudaria o paciente a não recorrer de forma demasiada à internet para sentir-se aprovado perante a sociedade, possibilitando, ainda, seu autoconhecimento, auto aceitação, auto respeito, autoconfiança e autonomia pessoal e emocional”.
A psicóloga diz ainda que, para esses casos, normalmente são tratados como distúrbios, porque pessoas com tal comportamento podem estar escondendo no Facebook sua baixa autoestima, depressão e até mesmo uma patologia denominada ‘Transtorno Narcísico’, que se traduz no sujeito que tem paixão e admiração excessiva por si próprio, buscando no elogio e no olhar do outro, ser admirado, reconhecido, e amado.