Grupo de Luto completa dois anos em Santa Fé
Por Lelo Sampaio e Silva
Sabe-se que viver o luto é fundamental para ultrapassar a dor da perda de um ente querido e transformar o sofrimento em uma memória de amor e, assim, viver com serenidade a ausência daqueles que amamos e já não estão entre nós.
O que talvez a maioria desconhece é que Santa Fé possui o Grupo de Luto, fundado em agosto de 2014, pelas psicólogas Luciana da Silva e Lucimara Correa, que trabalham no Nias – Núcleo Integrado de Assistência à Saúde –, da Secretaria Municipal de Saúde de Santa Fé do Sul.
Surgiu a partir do momento em que as psicólogas perceberam que a demanda de atendimentos individuais relacionados ao luto, devido à perda de um ente querido, havia se intensificado.
“Assim, surgiu a ideia de realizar os atendimentos em grupo para podermos melhor atender um maior número de pacientes. Percebemos, com o tempo, que essa forma de atendimento é muito enriquecedora, haja vista que proporciona a troca experiências e o fortalecimento entre os participantes”, explicou a psicóloga Luciana da Silva.
A perda faz parte da existência humana. É um caminho inevitável. Temos todos de, uma forma ou de outra, viver isso. Uma vez avaliada como crise por luto, que não se resolveu pela realidade, o recurso terapêutico se mostra muito eficaz.
Ainda segundo a psicóloga, o nome “Girassol do Arco Iris”, criado pelo primeiro grupo de pacientes, deveu-se ao fato de que o girassol é uma flor que traz luz e que movimenta de acordo com a posição do sol, ou seja, em busca da luz. “Os participantes do grupo, na época, relatavam que o grupo trazia luz e brilho à vida delas. E Arco Iris porque diziam que, quando perderam seus entes queridos, suas vidas ficaram sem cor, e, com a participação no grupo, cada membro e cada psicóloga representavam uma das cores em suas vidas”, explicou Lucimara Correa.
Ambas as psicólogas acreditam que as cores, de certa forma, possuem um significado, como o laranja, a prosperidade; o amarelo, a alegria e a luz; o verde, esperança, paz e equilíbrio; o azul, a calma mental e harmonia; o anil, sinceridade e respeito; e o violeta, a espiritualidade.
Para a psicóloga Luciana da Silva, o principal objetivo do grupo é o de ajudar o paciente a adquirir resiliência, ou seja, a capacidade de se recuperar da crise, mais especificamente de um luto devido à perda de um ente querido, e aprender com ela; ter a mente flexível e o pensamento otimista, com metas claras e a certeza de que tudo passa.
“São realizadas atividades propostas por nós, ou seja, previamente planejadas, também com o intuito de proporcionar um momento de acolhimento, apoio e de fortalecimento de vínculos através das trocas de informações entre as pessoas que estão vivenciando o mesmo problema. Desta forma, ao trabalharmos com os indivíduos enlutados, procuramos ajudá-los a passar o processo do luto de uma forma menos dolorosa”, disse Luciana da Silva, que afirmou ainda que para isso é necessário que o paciente vivencie as fases da negação, que é o momento em que ele nega a situação, que não acredita que isto ou aquilo esteja acontecendo com ele; a raiva, quando ele se sente injustiçado ou culpado); a depressão, quando o paciente acredita que o mundo perdeu a cor, que nada em sua vida será como antes; a barganha, momento em ele acredita que se fizer algo de bom receberá em troca a volta do ente querido que perdeu; e a aceitação, fase na qual o paciente aceita e acredita que tudo teria que ser dessa maneira, que tem uma duração de uma ano, pois, se não tiverem essa experiência, o processo do luto poderá se tornar patológico”, explicaram as psicólogas.
Atualmente o Grupo conta com 7 pacientes, e, desde a sua fundação, 30 pessoas já se beneficiaram dos trabalhos lá desenvolvidos.
Luciana da Silva ressaltou que pelo menos 50 pacientes já foram encaminhados ou convidados a participar do trabalho que é realizado por elas. Entretanto, ainda segundo ela, a pessoa enlutada passa por diversos processos na elaboração desse luto, que vai desde a negação até a aceitação propriamente dita. Assim, muitas pessoas são ainda resistentes quanto ao fato de receberem qualquer tipo de ajuda.
“No inicio da minha participação no grupo ‘Girassol do Arco Iris’, eu chorava muito, quase não conseguia falar, sentia muita falta do meu filho que faleceu. Com o passar do tempo, participando com frequência do grupo, fui me libertando e melhorando. Me sinto bem com a presença dos participantes e das psicólogas e indico para outras pessoas que, por ventura, estejam precisando de ajuda”, disse Ilma Fernandes dos Santos Bastos, 47 anos.
O Grupo “Girassol Arco Iris” funciona quinzenalmente, às terças-feiras, das 15:30 às 17:00 horas, no Nias, localizado na rua 5, nº 996, esquina com a rua 22.
Mais informações no local ou pelo telefone 3631-2459.