Médicos da Santa Casa paralisam serviços e provedoria busca recursos para efetuar os pagamentos
Secretaria de Saúde fez uma proposta aos médicos, a qual, se aceita, poderá acarretar no fim da paralisação
Quinta e sexta-feira foram paralisados os atendimentos e internações pelos SUS, no setor de Maternidade e Cardiologia
Por Daniela Trombeta Dias
A Santa Casa de Misericórdia de Santa Fé do Sul, através de sua administração e provedoria, está buscando a liberação, por meio do Ministério da Saúde, de um financiamento consignado para efetuar o pagamento de serviços prestados aos médicos, cujos serviços referentes a procedimentos realizados pelos SUS e em plantões não foram pagos. Isso porque, desde a quinta-feira, a classe médica iniciou uma paralisação dos serviços prestados pelos SUS. O início da paralisação foi no setor de Maternidade (ginecologia e obstetrícia). Já ontem, foi paralisado o setor de cardiologia.
O que dizem os médicos
Através do diretor técnico do hospital, Luís César Rodrigues, a classe médica esclareceu a situação. “A reivindicação é referente ao repasse dos procedimentos realizados aos pacientes do SUS e aos convênios que são pagos via Santa Casa que não foram repassados aos profissionais desde o mês de janeiro deste ano, cujos procedimentos foram realizados a partir do mês de novembro de 2014, sendo que estes recursos foram utilizados pela Santa Casa para seu custeio. Os pagamentos dos plantões de especialidade do Pronto Atendimento e da UTI que deveriam ter sido pagos no dia 20 de julho também não foram feitos e, devido a esta situação e o não pagamento, os profissionais, e, ainda diante da incerteza do recebimento dos mesmos, resolveram optar pela paralisação”, informou o médico.
A classe médica está no aguardo de que os recursos sejam viabilizados para os pagamentos dos valores devidos aos profissionais. “Esperamos ainda que busquem uma solução definitiva para que o atendimento à nossa população não seja mais interrompido”, disse Luís César.
Informou ainda que na tarde de ontem houve uma reunião entre alguns representantes da classe médica com o secretário municipal de Saúde, Carlos Rogério Garcia, o qual apresentou uma nova proposta para o acerto dos valores, proposta esta que seria analisada em uma reunião com a classe médica, às 19:00 horas; portanto, até o fechamento desta edição, a paralisação ainda se mantinha.
Luís César ainda adiantou que, caso a proposta não seja aceita, até segunda-feira podem ser paralisados os atendimentos médicos realizados através do SUS em outras especialidades, como Ortopedia, Clínica Médica, Cirurgia e Pediatria. “Só não deixarão de prestar serviços por enquanto os plantonistas da UTI e do Pronto Atendimento”, explicou.
Dívida
A Santa Casa informa que os valores a serem quitados são de R$ 230 mil referentes a procedimentos médicos gerais feitos através do SUS, e R$ 280 mil referentes a plantões médicos prestados de janeiro a junho deste ano. “Ainda temos pendente o pagamento de serviços do Laboratório de Análise Clínicas, assim como do Centro de Diagnóstico e serviços de Urologia que, somados, totalizam em torno de 1 milhão de reais”, explicou o provedor José Biscassi.
O que diz a provedoria
O provedor da Santa Casa de Misericórdia José Biscassi esclareceu que há muitos dias, já prevendo a situação, a administração do hospital estava em busca de recursos para realizar os pagamentos. “Não temos medido esforços para buscar recursos financeiros para o hospital. Na terça-feira, 28, realizamos uma reunião com alguns médicos que representaram o corpo clínico, pedimos a compreensão deles e explicamos que já estávamos em busca de recursos financeiros para quitar essas dívidas, mas infelizmente está acontecendo a paralisação. Estamos aguardando a resposta do Ministério da Saúde, pois depende deles a autorização do financiamento. É importante lembrar que um dos fatores que prejudica a Santa Casa é que ainda não foi assinada a liberação das parcelas do convênio no valor de R$ 3 milhões através do Governo do Estado”.
O provedor disse também que o pagamento de funcionários e demais pessoal do hospital estão em dia. “Desde que assumimos a provedoria estamos em busca de recursos e de ajuda para a Santa Casa. Nunca deixamos de nos preocupar e de trabalhar para que o hospital continue de portas abertas e atendendo a toda a população. Nos importamos e nos preocupamos com a situação. É importante que a população saiba que não estamos de braços cruzados e nunca estaremos. Não é só a nossa Santa Casa que está nesta situação, pois, na terça-feira, fizemos uma reunião com os provedores das Santas Casas de Jales, Fernandópolis e Votuporanga e confirmamos que estamos todos na mesma situação e, por isso, buscaremos ajuda juntos. Agora, sobre a paralisação, a expectativa é conseguir o valor solicitado para resolver o problema. Também aguardamos a reposta dos médicos quanto a proposta feita através do secretário de Saúde, e esperamos que aceitem e, assim, todos serão beneficiados”, finalizou José Biscassi.