Mulheres da Aquicultura – Sonia Ambar Amaral, de odontóloga ao controle repentino de um projeto de pecuária e aquicultura
Por Antônio Oliveira
Para quem conhece Sonia Ambar Amaral nos meios sociais e empresariais do setor de aquicultura, em Santa Fé do Sul e no Brasil, desnecessário é apresentá-la. Para quem não a conhece, trata-se de uma mulher extraordinária, como cidadã, profissional, mãe, esposa e empreendedora, com uma energia, coragem e determinação que contagiam a todos que têm a felicidade de partilhar de sua amizade e liderança.
Odontóloga, ela teve que, de um dia para outro, deixar sua profissão e assumir, juntamente com seus filhos, o controle da família e do ideal empresarial de seu esposo que partira para outra dimensão. “… foi arregaçar as mangas, com muita fé em Deus e sem perder o propósito de ser uma empresa que fosse exemplo e inspirasse vidas. Seguimos unidos e desejando sempre prosperar, abençoando vidas e influenciando pessoas com nossa trajetória”, diz ela nesta entrevista.
Empreendedora nata, ela resume as estratégias que fizeram do grupo que dirige -Ambar Amaral- um dos maiores em aquicultura verticalizada do Brasil: “Buscar soluções inovadoras, eficientes e que garantam, além da segurança do nosso produto, um ambiente de trabalho igualmente seguro e com a prática real dos nossos valores que são: Deus, Honestidade, Respeito, Comprometimento, Felicidade, Inovação e Gratidão”.
O Grupo Ambar Amaral, com 40 anos de existência, é composto pelas empresas Nelore Ambar Amaral, Brazilian Fish Pisciculturas, Brazilian Fish Frigorífico, Raguife Rações, Brazilian Fish Alimentos, FibraON Internet, Fish Farm e Biofertilizantes.
Mulher muito premiada por sua competência e visão empreendedora, chegou a ser eleita pela revista Forbes como uma das 100 mulheres mais poderosas do agronegócio brasileiro. Mas sem perder a ternura e a humildade. “É uma honraria muito grande poder estar em uma conceituada revista de economia e negócios conhecida no mundo todo, ao lado de mulheres com trajetórias tão lindas e, mais que isso, poder representar as mulheres do meu país, o agro que alimenta o mundo e o nome da minha família”, diz sobre a honraria.
“Sou uma mulher simples, cristã, que ama sua família, tentando ser uma pessoa melhor todos os dias e cumprir o propósito que tenho nessa Terra. Isso me define pessoal e profissionalmente”, diz, definindo o seu perfil pessoal.
Segue a entrevista (parte I)
Centro-Oeste Farm News (Cofarmanews) – Doutora Sônia Ambar Amaral! É com muito prazer e satisfação que a tenho como entrevistada nesta série deste site. Confesso que o desejo de entrevistá-la vem desde 2016, quando, integrando uma comitiva de jornalistas de agronegócio, visitei sua empresa em Santa Fé do Sul, e me encantei com o empreendedorismo da família, a organização, a criatividade e, acima de tudo, com o seu pulso forte – coragem e determinação – em, de forma repentina, assumir o controle da empresa na falta do seu esposo, pelo visto, um homem de muita visão.
Como foi este processo, lembrando que você teve que sair da sua formação acadêmica e profissional, a Odontologia, para tornar-se comandante de uma empresa recém-criada?
Sonia Ambar Amaral – Muito obrigada por todas as palavras dedicadas a mim e a minha família de maneira tão carinhosa. Na verdade, o Grupo Ambar Amaral existia desde 1983, por ocasião do meu casamento. O nome do grupo é formado por meu sobrenome e o do meu marido. Era o que tínhamos de melhor – os nossos nomes – e assim resolvemos denominar o grupo.
Mesmo sendo uma profissional da saúde e professora universitária, sempre acompanhei meu marido e as empresas e com a perda do nosso comandante busquei forças, pois, na ocasião, meus filhos eram recém formados e minha presença nas empresas fortalecia o grupo e trazia confiança, principalmente para os meus próprios filhos. Sei que fui, como filha de imigrantes, preparada para a vida, mas sei também que foi Deus o meu alicerce, a minha força e o é até hoje.
Cofarmanews – Lembro que um dos seus filhos, o Ramon, disse que o pai dele era criador de nelore em Mato Grosso e iniciou o projeto de piscicultura em Santa Fé do Sul para ter os filhos recém-formados próximo a família. Mas, logo ele partiu para o outro plano da vida. Como foi para a família, já sem a visão pecuarista do seu Antônio Carlos Lopes do Amaral, tocar a criação de gado em Mato Grosso e a piscicultura em Santa Fé do Sul?
Sonia Ambar Amaral – Como disse, eu sempre estive ao lado do meu marido, mesmo tendo um trabalho paralelo na minha área, e o desenho de nossas empresas estava formatado. Um dos meninos, o Ramon, já estava nas pisciculturas; o outro, o Felipe, participou do projeto da construção da indústria de rações e o Guilherme, também, estava nas fazendas (em MT). O desafio era tornar real tudo o que havia sido sonhado pelo nosso capitão e foi o meu propósito e o dos meus filhos. Graças a Deus continuamos escrevendo essa história.
Cofarmanews – O mais interessante desta história, ao meu ver, é que mãe e filhos permaneceram unidos em torno do ideal do chefe de família e empreendedor que partiu. Isto é raro em empresa familiar. Conta para nós sobre este processo.
Sonia Ambar Amaral – Como disse na pergunta anterior, foi arregaçar as mangas, com muita fé em Deus e sem perder o propósito de ser uma empresa que fosse exemplo e inspirasse vidas. Seguimos unidos e desejando sempre prosperar, abençoando vidas e influenciando pessoas com nossa trajetória.
Cofarmanews – Oportuno a esta questão, segue as perguntas da Marilsa Patrício, coordenadora da Aquishow Brasil e da PeixeSP, minha convidada para esta entrevista.
Marilsa Patrício – Qual a diferença da aquicultura dos tempos em que o seu grupo começou e a da atualidade, o que mudou?
Sonia Ambar Amaral – Muita coisa mudou nestes 15 anos, desde a nutrição dos animais, equipamentos e máquinas, automação, softwares, capacitação profissional, entre outros recursos que nos permitem ter um produto mais seguro para estar na mesa do consumidor.
Marilsa Patrício – O consumo de pescado aumentou a partir dos pratos criados pela Brasilian Fish? (boutique de pratos a base de peixe do grupo).
Sonia Ambar Amaral – Sim, com certeza. Há ainda o mito de não comer peixe pela dificuldade no preparo e pela insegurança de ter espinhos. Com os diferentes cortes e pratos prontos facilitamos a vida do consumidor e com isso aumentamos o consumo do pescado.
Marilsa Patrício – O Grupo Ambar Amaral, hoje uma empresa de grande porte, verticaliza toda a atividade piscícola e vem colhendo bons resultados, segue crescendo. Por outro lado, grandes outras empresas do mesmo segmento e, também, verticalizada, passaram – ou passam – por grandes dificuldades, inclusive com pedido de recuperação judicial. Qual é a estratégia de sua empresa para crescer sempre?
Sonia Ambar Amaral – Nesse sentido, posso apenas falar pela nossa empresa. Somos um grupo familiar e trabalhamos todos, sem exceção, no nosso negócio, fazendo valer o ditado que diz: “O olho do dono é que engorda o boi.” (Sorri).
Nossa atividade é muito trabalhosa e viver o dia a dia, ao lado dos nossos colaboradores, muitas vezes no chão de fábrica, conhecendo e os tratando pelo nome, talvez seja um grande diferencial nas nossas empresas.
Buscar soluções inovadoras, eficientes e que garantam, além da segurança do nosso produto, um ambiente de trabalho igualmente seguro e com a prática real dos nossos valores que são: Deus, Honestidade, Respeito, Comprometimento, Felicidade, Inovação e Gratidão.
Seguimos escrevendo nossa história acreditando que é sempre possível fazer um pouco melhor para os nossos produtos, para as nossas empresas e para a vida de todos que caminham conosco nessa missão de ser exemplo de alimentar e de servir com qualidade em qualquer lugar do mundo!!
Matéria publicada na íntegra no site www.centro-oestefarmnews.com.br