Oferta de imóveis em Santa Fé é maior do que a procura
Por Lelo Sampaio e Silva
A queda no poder de compra do santafessulense afetou diretamente o sonho da aquisição da casa própria
O excesso de ofertas de imóveis é um dos resultados da profunda crise econômica que o país atravessa desde o ano passado. Basta uma pequena volta pela cidade para se deparar com uma grande quantidade de casas, predinhos, quitinetes ou um quarto, sendo anunciados por placas de imobiliárias.
O Jornal entrevistou Oswaldo Luiz Baldino, mais conhecido como Dico, proprietário da Imobiliária Imobens, e delegado do Creci – Conselho Regional de Corretores de Imóveis – de Santa Fé do Sul, para saber os reais motivos de tantas ofertas.
Segundo Dico, o que está havendo é exatamente a redução da renda familiar, que hoje caiu para cinco ou seis salários mínimos, em torno de R$ 4.000,00, ou seja, uma queda de 30% e, ao mesmo tempo, o custo de vida teve um aumento de pelo menos 30%.
“A queda no poder de compra do santafessulense afetou diretamente o sonho da aquisição da casa própria. Existe um aquecimento nas vendas de terrenos em loteamentos populares, haja vista que as pessoas, vivendo a crise, tentam conseguir pelo menos o básico, o início do que poderíamos dizer para que depois construam suas casas”, explicou.
Ainda segundo Dico, os grandes investidores não estão aproveitando o momento da crise econômica e adquirindo imóveis a preço aquém do mercado; estão preferindo aplicar seu dinheiro, e isso se deve basicamente ao problema político que estamos passando, o que tem gerado evidentemente muita insegurança.
Sobre os aluguéis das residências na cidade, Baldino explicou que hoje a média é de R$ 500,00, para casas com um dormitório; com dois dormitórios, aproximadamente R$ 650,00; e, com três quartos, em torno de R$ 1.100,00.
“Evidentemente que temos que levar em conta diversos fatores, como a localização do imóvel, suas condições, dentre outras facilidades. Muitos casais que moravam em casas alugadas estão voltando para a residência de seus pais, com filhos, caso os tenham, pois não estão conseguindo arcar com essa despesa mensal, adequando-se ao novo padrão de vida no qual se encontram. Os valores, tanto para a compra como para a locação de imóveis sofreram uma defasagem considerável nos últimos anos”, enfatizou Dico.
Em relação aos “predinhos”, Oswaldo Baldino acredita que hoje Santa Fé possua pelo menos 400 unidades, entre pequenos apartamentos e quitinetes.
“Antigamente era grande o número de estudantes da Funec vindos de outros municípios e aqui alugavam casas, pois não tinham condições de retornar a seus municípios todos os dias. Hoje, há muitas faculdades nas cidades da região abrindo novos cursos, como os de Fisioterapia, Administração, dentre outros, fazendo com que muitos vestibulandos optassem por permanecer em suas cidades para estudar. Ainda existe também a disponibilidade dos ônibus que vêm dos mais diversos lugares, como Aparecida do Taboado, Paranaíba, e isso tem feito com que muitos alunos de outras cidades que frequentam os cursos não morem mais aqui, pois vêm, frequentam as aulas e retornam as suas cidades no mesmo dia. Com isso, muitos imóveis deixaram de ser locados”, explicou Oswaldo.
Ainda segundo ele, devido à crise financeira, sempre que há algum tipo de reajuste no valor do aluguel, que hoje é corrigido de acordo com IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado – anual, e o inquilino procura as imobiliárias para negociar os valores com os proprietários, e isso tem feito com que, de certa forma, os valores dos imóveis diminuam.
“Nossa expectativa é de que o mercado imobiliário comece a reagir no início do próximo ano. Assim, quem tiver com os pés no chão e não adquirir muitas dívidas, em um curto espaço de tempo terá estabilidade financeira”, finalizou Oswaldo Luiz Baldino.