Peixeiro santafessulense explica fraudes nas vendas de peixes durante a Quaresma
Por Lucas Machado
Faz 18 dias que estamos na Quaresma, época em que é designado o período de quarenta dias que antecedem a principal celebração do Cristianismo, a Páscoa, ou seja, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV. A Quaresma começou na Quarta-feira de Cinzas, no dia 10 deste mês, e termina no Domingo de Ramos, anterior ao Domingo de Páscoa, que será celebrado em 27 de março.
Existe um ensinamento de exclusividade da Igreja Católica de que não se deve comer carne vermelha nesta época, sendo que, dessa forma, os fiéis demonstram sua união ao sacrifício de Cristo. Há quem não coma carne durante os 40 dias, ou só na Semana Santa (Semana da Páscoa), e, optam pelo peixe (carne branca).
Nesta época, então, existe uma grande comercialização do peixe, e, consequentemente, com o aumento do consumo, também aumentam as fraudes, como a adição de água e até a substituição de espécies, identificada em exames de DNA.
O bacalhau e o linguado são os principais alvos. O produto é trocado por peixes de menor valor, como o panga, o alabote e a polaca do Alasca. A merluza, o congro, a pescada, garoupa e até a carne de siri também são substituídos. “Essa é uma prática criminosa e fere o direito do consumidor, que acaba ‘comprando gato por lebre’”, destaca o presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários, Maurício Porto.
Para o peixeiro e proprietário da Peixaria do Alcides, Mauricio Kobayakawa, que trabalha no ramo há oito anos, as vendas nesta época aumentam consideravelmente. “Em termos de porcentagem, seria em torno de 60 a 70%”, explica ele.
Segundo Maurício, atualmente a maioria, em Santa Fé, prefere o peixe beneficiado, por exemplo o filé de posta-ripa. Ele relatou ainda que, a partir da próxima semana, a pesca estará liberada na região, e, espécies nativas poderão ser capturadas e, então, comercializadas.
“Os peixes proibidos nesta época são o piau, mandi, traíra, pacu, caranha, lambari, pintado, dourado, piranha, dentre outros. Já os peixes que nesta época podem ser comercializados são a tilápia, corvina, tucunaré e porquinho. Esses peixes não são nativos da nossa bacia hidrográfica”, ressaltou.
Maurício contou também que os preços dos peixes variam de acordo com a espécie e manufaturamento, e variam de R$ 8,00 a R$ 45,00.
Sobre as fraudes, Maurício comenta que “ninguém quer ter o trabalho de manipular o peixe. Quanto à troca de peixes por outra espécie, ou seja, comprar gato por lebre é um tanto complicado, pagar por um produto e levar outro. Isso é abusar do cliente. Para não cair nessas fraudes o consumidor precisa ter um pouco de conhecimento do que está comprando; portanto, ser um consumidor conhecedor é essencial”, finalizou o peixeiro.
Mauricio contou que trabalha no local há oito anos; entretanto, a peixaria existe há mais de 30 anos, quando era comandada pelo seu pai, Alcides Kobayakawa (in memoriam).
“Meu pai era pescador, e começou vendendo peixe no fundo de casa. Com o tempo, equipamentos como freezers e câmaras frias foram sendo comprados e o comércio foi aumentando”, finalizou o peixeiro.