Quando saber se o indivíduo deixou a vida real de lado para viver a virtual
Por Vinicius da Costa
Nem tudo o que chamamos de vício atinge a condição de dependência, mas já pode ser visto como um alerta.
A cena se repete em dezenas de lugares por onde passamos. Antes de comer, por exemplo, uma foto do prato é postada no Snapchat ou no Instagram. Na hora do jantar, a conversa é compartilhada até pelo WhatsApp. A primeira coisa ao acordar é checar as atualizações do Facebook.
Estamos enfrentando um mundo extremamente digital, com ferramentas que facilitam a nossa vida, estas que propõem uma criação de uma grande rede de relacionamentos, possibilitando a aproximação de pessoas, mas afastando e empobrecendo os contatos presenciais.
É cada vez mais comum que se deixe a vida real pelo que acontece a cada segundo dentro das “telas”. Estar inserido nas redes sociais é normal; porém, de acordo com alguns especialistas, é importante entender quando o uso intensivo desses dispositivos passa a ser preocupante.
Segundo a psicóloga Raissa Nara Vanzato Chama Freitas, da Clínica de Saúde Integrada, de Aparecida do Taboado, o problema não está na quantidade de aplicativos que você usa, mas, sim, em abrir mão de eventos sociais para ficar na ‘companhia’ deles.
“Percebe-se o vício quando a pessoa deixa de fazer outras coisas para estar conectada à internet, checando mensagens ou jogando online. Percebemos que não nos damos conta da dependência, sobretudo se o assunto em questão é a utilização do celular, pois existe um consentimento da sociedade em relação à presença intensa dele em nossas vidas. Quando todos os nossos amigos têm um perfil nos mesmos sites, entrar lá o tempo todo passa a ser encarado como uma atividade rotineira, e o uso abusivo, às vezes, passa despercebido”, explicou.
Atualmente, dois bilhões de pessoas possuem redes sociais, cerca de 30% da população da Terra, sendo que 7% dessas pessoas possuem esse tipo de vício. Desta forma, a psicóloga relatou sobre quais são os sinais que diferem a dependência do uso comum.
“Nem tudo o que chamamos de vício atinge a condição de dependência, mas já pode ser visto como um alerta. Alguns sinais mostram se as pessoas podem ter ultrapassado o limite entre a mania e o vício em redes sociais, como a contínua checagem de seus perfis na rede social enquanto fazem outras atividades; a ansiedade em se conectar a rede social para ver o que os amigos estão fazendo; a mentira para familiares e amigos para continuar conectado; deixar de ver amigos pessoalmente para manter relacionamentos apenas online; ter mais amigos nas redes sociais do que realmente possui, dentre outros”, relatou a psicóloga.
Ainda segundo ela, a maioria dos tratamentos envolve afastar o usuário da vida online por meio de atividades com outras pessoas. Algo que também funciona é ficar tão cheio de atividades fora de casa para não sobrar tempo para o computador. Algumas alternativas são parar de usar um computador ou celular e colar bilhetes pela casa para lembrar-se de sair da internet; criar uma lista das tarefas cotidianas e cumpri-las e procurar ajuda médica.
“No caso do uso excessivo do smartphone, a dica para o usuário é definir algumas regras para evitar que ele atrapalhe a sua vida social. Quando estiver almoçando com os amigos, evite checar as suas mensagens a cada cinco minutos. Enquanto assiste a um filme, desligue o celular. Estabelecer um horário para as crianças e os adolescentes usarem a internet também é necessário. Existe hora certa para tudo”, aconselha Raissa Nara Vanzato Chamas Freitas.