Quando saber se o indivíduo deixou a vida real de lado para viver a virtual

Publicado em 23/04/2016 00:04

Por Vinicius da Costa

Nem tudo o que chamamos de vício atinge a condição de dependência, mas já pode ser visto como um alerta.

Psicologa Raissa Nara Vanzato Chama FreitasA cena se repete em dezenas de lugares por onde passamos. Antes de comer, por exemplo, uma foto do prato é postada no Snapchat ou no Instagram. Na hora do jantar, a conversa é compartilhada até pelo WhatsApp. A primeira coisa ao acordar é checar as atualizações do Facebook.
Estamos enfrentando um mundo extremamente digital, com ferramentas que facilitam a nossa vida, estas que propõem uma criação de uma grande rede de relacionamentos, possibilitando a aproximação de pessoas, mas afastando e empobrecendo os contatos presenciais.
É cada vez mais comum que se deixe a vida real pelo que acontece a cada segundo dentro das “telas”. Estar inserido nas redes sociais é normal; porém, de acordo com alguns especialistas, é importante entender quando o uso intensivo desses dispositivos passa a ser preocupante.
Segundo a psicóloga Raissa Nara Vanzato Chama Freitas, da Clínica de Saúde Integrada, de Aparecida do Taboado, o problema não está na quantidade de aplicativos que você usa, mas, sim, em abrir mão de eventos sociais para ficar na ‘companhia’ deles.
“Percebe-se o vício quando a pessoa deixa de fazer outras coisas para estar conectada à internet, checando mensagens ou jogando online. Percebemos que não nos damos conta da dependência, sobretudo se o assunto em questão é a utilização do celular, pois existe um consentimento da sociedade em relação à presença intensa dele em nossas vidas. Quando todos os nossos amigos têm um perfil nos mesmos sites, entrar lá o tempo todo passa a ser encarado como uma atividade rotineira, e o uso abusivo, às vezes, passa despercebido”, explicou.
Atualmente, dois bilhões de pessoas possuem redes sociais, cerca de 30% da população da Terra, sendo que 7% dessas pessoas possuem esse tipo de vício. Desta forma, a psicóloga relatou sobre quais são os sinais que diferem a dependência do uso comum.
“Nem tudo o que chamamos de vício atinge a condição de dependência, mas já pode ser visto como um alerta. Alguns sinais mostram se as pessoas podem ter ultrapassado o limite entre a mania e o vício em redes sociais, como a contínua checagem de seus perfis na rede social enquanto fazem outras atividades; a ansiedade em se conectar a rede social para ver o que os amigos estão fazendo; a mentira para familiares e amigos para continuar conectado; deixar de ver amigos pessoalmente para manter relacionamentos apenas online; ter mais amigos nas redes sociais do que realmente possui, dentre outros”, relatou a psicóloga.
Ainda segundo ela, a maioria dos tratamentos envolve afastar o usuário da vida online por meio de atividades com outras pessoas. Algo que também funciona é ficar tão cheio de atividades fora de casa para não sobrar tempo para o computador. Algumas alternativas são parar de usar um computador ou celular e colar bilhetes pela casa para lembrar-se de sair da internet; criar uma lista das tarefas cotidianas e cumpri-las e procurar ajuda médica.
“No caso do uso excessivo do smartphone, a dica para o usuário é definir algumas regras para evitar que ele atrapalhe a sua vida social. Quando estiver almoçando com os amigos, evite checar as suas mensagens a cada cinco minutos. Enquanto assiste a um filme, desligue o celular. Estabelecer um horário para as crianças e os adolescentes usarem a internet também é necessário. Existe hora certa para tudo”, aconselha Raissa Nara Vanzato Chamas Freitas.

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