Santa Casa de Santa Fé do Sul: 50 anos de história
Por Lucas Machado
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santa Fé completou no sábado passado, dia 13, 50 anos de sua fundação. Em comemoração, foi realizado, no hospital, um coquetel com todos os funcionários.
Ainda celebrando o cinquentenário da entidade, no dia 12 de março será realizado a Noite da Tilápia, no Ipê Eventos, a partir das 20:30 horas. Os convites estão sendo vendidos no valor de R$ 125,00, e o evento será open bar. Informações pelo telefone (17) 3641-9100.
Dando continuidade à série de reportagens “Santa Casa de Santa Fé do Sul: 50 anos de história”, nesta semana, O Jornal entrevistou três funcionários que trabalham na entidade há muito tempo, tendo participado da história do hospital.
Os entrevistados foram o médico otorrinolaringologista Helvécio Botelho Siqueira, a auxiliar de enfermagem Ademita Alves de Almeida Jordão e a gerente de faturamento Rosimei Paulon.
De acordo com o doutor Helvécio, o mesmo fez parte dos primeiros 18 irmãos fundadores da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santa Fé, tendo participado das primeiras reuniões, que visavam a instalação de um hospital filantrópico em Santa Fé, em fevereiro de 1966. “As pessoas mais carentes não tinham aonde ser atendidas. Eu já trabalhava na Casa de Saúde da cidade, e na época fazíamos campanhas para arrecadar dinheiro e construir o hospital. Eu trabalhava como otorrino, oftalmologista e fui o primeiro anestesista do hospital”, disse.
Helvécio contou que veio do Rio de Janeiro, quando acabara de se formar em Medicina pela Faculdade Federal Fluminense de Medicina, e já faz 57 anos que está em Santa Fé.
“Tive o privilégio e a honra de ser um dos fundadores da Santa Casa. Na época tínhamos a colaboração do Rotary Club e da população. No início, tínhamos a intenção de construir o hospital; entretanto, como não era viável, adquirimos, junto com a colaboração do prefeito da época, Jerônimo de Paula, o prédio da Casa de Saúde de Santa Fé, através de uma licitação”, contou ele.
O médico explica que, com o tempo, o prédio foi sendo ampliado, novos equipamentos foram adquiridos e novos médicos de diversas especialidades chegaram.
“Me sinto muito feliz por fazer parte da história desta entidade. Tenho várias histórias para contar. Na época, a saúde alavancou o crescimento da cidade, uma vez que pessoas de outras cidades e estados vizinhos vinham para cá, o que movimentava o comércio local”, finalizou o médico Helvécio Botelho.
Ademita Alves de Almeida Jordão, auxiliar de enfermagem, se emociona ao contar sua história no hospital. “Cheguei no hospital com 20 anos, em janeiro de 1970, e hoje faz 46 anos que trabalho aqui”.
Segundo ela, começou trabalhando no setor de limpeza, posteriormente foi copeira, e então começou a praticar Rnfermagem. “Fiz o curso de Auxiliar de Enfermagem, e trabalho nisso até hoje. Passei por todos os setores, desde a maternidade até o Centro Cirúrgico. Hoje atendo só o setor de Ambulatório e Pronto Atendimento”, disse.
Ela conta que participou da transformação da Santa Casa, uma vez que na época, o hospital era pequeno. “Havia menos leitos, não existia o Pronto Socorro, nem os postos dois e três, e tampouco o segundo andar. As internações eram divididas em dois corredores, com um total de 12 quartos, sendo uma ala para atendimentos particulares e a outra para convênios. Havia poucos médicos também. No início eram apenas quatro, o doutor Nilson Coutinho (in memoriam), doutor Celso Xavier (in memoriam), Flávio Guimarães e o doutor Helvécio, que é o único que está até hoje no hospital”, afirmou.
Ademita contou também que na época os médicos atendiam todas as especialidades, uma vez que “não havia separação. Todos faziam clínica e cirurgia geral, e, com o tempo, apareceram as especialidades, como ortopedistas, pediatras, cirurgiões, cardiologistas”.
A auxiliar de enfermagem ressalta que na época eram poucos funcionários, em torno de 20, que trabalhavam 12 horas todos os dias. “Com o tempo surgiram as leis trabalhistas e conseguimos o turno de oito horas. As situações eram bem precárias, não tínhamos recursos. O material que utilizávamos era, na maioria, reaproveitável, e, posteriormente foram surgindo as modernidades. Quando cheguei a cozinha, tinha fogão a lenha e as lavadeiras lavavam e passavam as roupas à mão”.
Segundo ela, são muitas história comoventes. “Eu tenho muita felicidade em estar aqui até hoje. Aprendi muita coisa e tudo o que eu sei na vida profissional aprendi na Santa Casa. Já ajudei muita gente e fiz muita coisa boa, e pra mim isso é uma felicidade”, afirmou.
Emocionada, Ademita conta que sente que sua jornada está chegando ao fim. “Venho apresentando alguns problemas de saúde, e acredito que em breve terei que sair. É legal encontrar as pessoas e ver que elas reconhecem meu trabalho. Sinto muito orgulho de trabalhar aqui, e gosto muito daqui. Vou sentir muita falta quando sair. Conheci muita gente, de pobres a ricos, e tenho boas amizades. Vou sair daqui com muita dor no coração”, finalizou Ademita.
Rosimei Paulon, gerente de Faturamento, contou à reportagem que faz 30 anos que trabalha na Santa Casa. “Eu era secretária do doutor José Roberto Lopes Ferraz (in memoriam). Participei do início do Sistema Único de Saúde, e só era atendido quem tinha registro em carteira ou era produtor rural, ou seja, os demais, ou pagavam ou não eram atendidos. Muita coisa mudou”, disse.
Rosi relatou que as crises financeiras sempre existiram, entretanto a população sempre ajudou. “São 30 anos. É uma vida de amor. Nós vemos famílias lutando pelas dificuldades, vemos alegrias, participamos da história dos pacientes, vemos o nascimento e a morte. Convivemos com a alegria e a tristeza muito próximas, e, desta forma, notamos que há uma condição, na hora da enfermidade os seres humanos são todos iguais”, finalizou Rosimei.