Santa Casa de Santa Fé do Sul: 50 anos de história
Por Lucas Machado
Nesta semana, finalizaremos a série de reportagens sobre a Santa Casa de Misericórdia de Santa Fé, que neste mês comemorou 50 anos de sua fundação.
Dando continuidade, a reportagem de O Jornal conversou com o provedor José Biscassi e a vice-provedora Elena Rosa Vidoti, que são os atuais administradores do hospital, tendo assumido a provedoria no dia 30 de janeiro de 2015.
Na época, quando assumiram, a entidade passava por uma crise financeira muito forte, e seria um desafio tomar a frente e assumir também os grandes problemas que a Santa Casa enfrentava.
José Biscassi e Elena Rosa relataram que ninguém pegaria o cargo, tendo este ficado a disposição, e que foi muito difícil a eleição da provedoria. “Pensamos na cidade e na população, então assumimos”, disse Elena Rosa.
Ela conta ainda que tinham informações de uma expectativa de melhora, uma vez que o governo do Estado havia sinalizado um convênio de R$ 3 milhões. “Na época isso foi amplamente divulgado nos jornais da cidade e demais veículos de comunicação, ou seja, que o governo renovaria esse convênio, que venceu no dia 30 de março daquele ano; porém, não foi renovado, pelo fato de que o Estado vivia em crise”, explicou Elena.
Os provedores contam que, quando assumiram, tiveram apoio do governo Estadual apenas em fevereiro e março daquele ano, sendo que, o resto do ano, não receberam nenhuma quantia. Eles definiram 2015 como sendo o pior ano da Santa Casa.
Elena Rosa destacou que naquela época havia muitas promessas; entretanto, não foram concretizadas, inclusive emendas parlamentares.
“Sobrevivemos com a renovação de um empréstimo de R$ 1 milhão, feito na Caixa Econômica Federal, dos eventos que foram realizados em prol da Santa Casa, e o dinheiro do SUS – Sistema Único de Saúde –, no valor de R$ 280 mil por mês”, concluiu o provedor José Biscassi.
Eles relataram à reportagem de O Jornal que os eventos realizados pela Santa Casa, prefeituras da região e entidades assistenciais da cidade somaram um total de R$ 60 mil.
“Conseguimos renovar dois convênios apenas em janeiro deste ano, que é o ‘Pró-Santa Casa’, no valor de R$ 17 mil, e o ‘Santas Casas Sustentáveis’, no valor de R$ 18 mil. Neste mês recebemos um convênio do governo do Estado de R$ 180 mil, para vinte leitos prolongados”, explicou Elena Rosa.
Os provedores explicaram que a dificuldade têm aumentado devido à falta de ajuda do governo; entretanto, “estamos conseguindo fazer com que a Santa Casa sobreviva. Principalmente com a ajuda do prefeito Armando Rossafa, pois, se hoje a entidade ainda está aberta é devido ao prefeito, que tem adiantado a valor da subvenção da Prefeitura”.
De acordo com José Biscassi, a dificuldade continua. “Nós estamos trabalhando muito. Temos uma esperança de que dentre uns 90 dias a situação melhore. Nossa folha de pagamento dos funcionários gira em torno de R$ 280 mil por mês, e, hoje, a Santa Casa tem um gasto mensal de cerca de R$ 1,1 milhão, e a nossa arrecadação é de R$ 800 mil”, disse ele.
“Temos tentado buscar emendas, parcerias, e não temos esperado as coisas caírem do céu. Nossa esperança é de que as coisas melhorem. O que a gente gostaria é que a população acompanhasse de perto, inclusive visitando a Santa Casa. Estamos dispostos e abertos para conversar, explicar o que acontece lá dentro, com grande transparência, para que possam perceber que a nossa Santa Casa, assim como as do Brasil inteiro, está em dificuldade”, disse Elena.
José Biscassi relatou que é necessário olhar com carinho e amor para o hospital, pois são muitas pessoas da região que dependem de atendimento em Santa Fé.
“A Santa Casa nunca esteve no auge, mas sempre atendeu todas as pessoas, e nunca deixou de atender. É um bem maior para a população e para a Comarca, assim como Estados vizinhos. Estendo meu agradecimento a todo corpo clínico, todos os colaboradores e administração, e, ainda, todos os prefeitos que compõe o convênio da Santa Casa. São 50 anos de história e de muito trabalho”, concluiu José Biscassi.
Os provedores afirmaram estar preocupados e lutando para que a Santa Casa continue aberta, pois todos precisam dela, e precisam olhar com solidariedade para o hospital e estar juntos com a administração. “Estamos abrindo as portas para que todos, unidos, possamos levantar o hospital”, afirmaram os dois.
José Biscassi explicou que a partir de uma data próxima, a Santa Casa realizará um trabalho de captação de recursos envolvendo toda a população, para arrecadar recursos. “Onde pudermos cortar gastos, cortaremos. Nosso quadro de funcionários já está bem enxuto, e, até hoje, só não foi pago o 13º salário dos colaboradores. Eles estão sendo muito pacientes. Não prometemos, mas acreditamos que em março realizaremos uma parte desse pagamento. A situação hoje é delicada, mas todos estão tendo muita compreensão e sendo muito parceiros”, finalizou José Biscassi.
“Apesar de toda a dificuldade que a gente tem enfrentado, sinto um orgulho muito grande por poder ter essa oportunidade de dar a minha colaboração para essa instituição, tão necessária e que faço parte. Tudo o que eu puder dar de mim para que nós possamos passar esse ‘mal tempo’, estarei disposta e envolvida. Tenho orgulho e a vontade de fazer a diferença juntamente com o José Biscassi dentro da nossa cidade, fazendo com que a nossa Santa Casa sobreviva”, finalizou Elena Rosa.
Noite da Tilápia
Ainda celebrando o cinquentenário da entidade, no dia 12 de março será realizado a Noite da Tilápia, no Ipê Eventos, a partir das 20:30 horas. Os convites estão sendo vendidos no valor de R$ 125,00, e o evento será open bar. Informações pelo telefone (17) 3641-9100.