Santa Fé do Sul – 68 anos de fundação

Publicado em 23/06/2016 18:06

Por Lucas Machado

FOTO DONA BELA MATÉRIA INTERNAA Estância Turística de Santa Fé do Sul completa hoje, dia 24, 68 anos de fundação.
Com 31.348 habitantes, está localizada estrategicamente na Região Noroeste do Estado de São Paulo, a chamada região dos Grandes Lagos, e é constituída pelos rios Paraná, Paranaíba, Grande, São José e Tietê.
Com 208,9 km² extensão, Santa Fé tem sua economia voltada para o turismo, com ranchos, casas de veraneio e turismo rural.
Nos núcleos da Estrada 15 e Estiva o turista pode comprar peças artesanais feitas em cerâmica queimada pelas esposas dos agricultores.
História
Até 1946 a região pertencia a John Paget, inglês que nunca viera visitar as terras que possuía e que não se preocupava em colonizá-la.
Nessa época, porém, a Caic – Companhia Agrícola de Imigração e Colonização –, subsidiária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, conhecedora dos planos de extensão dos trilhos da Estrada de Ferro Araraquarense, que demandavam às barrancas do Rio Paraná, adquiriu vasto terreno objetivando colonizá-lo racionalmente.
Uma equipe de funcionários, chefiada pelo engenheiro Hélio de Oliveira, atingiu a região iniciando os trabalhos de pesquisas e desbravamento do local, ainda coberto por densa mata.
A notícia da terra boa correu célere, e para cá vieram, em 1947, as primeiras famílias. A vendola de Salvador Martins se abre com poucas prateleiras e poucas mercadorias para o muito que se necessitava.
Antonio Carlos de Santa Fé do Sul e França nasce a 31 de março de 1948, e Emídio Antônio de Araújo construiu a segunda na época, antes da fundação.
A fé dos desbravadores, representada pela grande cruz que as duas avenidas da cidade formam, foi celebrada, no dia 24 de junho de 1948, com a primeira missa, tendo sido marcada a data como sua fundação.
A ‘Santa Fé’ para Dona Bela
Gabriela Coelho Araújo, de 90 anos, mais conhecida como Dona Bela, é uma das pioneiras e veio para Santa Fé em 5 de junho de 1948, antes da fundação.
“Eu sou natural de São José do Rio Preto, e com 18 anos fui para Votuporanga. Sai de Votuporanga aos 20 anos, já casada com Emídio Antônio de Araújo, e com meu primeiro filho, Nelson Coelho Araújo, com apenas seis meses”, contou ela.
Dona Bela disse à reportagem de O Jornal que sua família veio para Santa Fé pois souberam que era um lugar de progresso e representava uma cidade que tinha futuro. “Meu sogro, Ercílio Antônio Araújo, apelidado na época de Coronel, fazia parte da venda de lotes na cidade, e influenciou nossa vinda para cá. Primeiro meu esposo veio para construir nossa casa, que era localizada na Avenida Conselheiro Antônio Prado, entre as ruas 14 e 16, e depois eu vim”, disse.
Ela contou também que sua viagem de Votuporanga a Santa Fé, em um Caminhão 29, de porte pequeno, durou cerca de 12 horas. “A estrada era de terra. Saímos pela manhã e chegamos às sete horas da noite, sem luz, sem água, apenas com lampiões”, disse.
Dona Bela relatou que ao chegarem, já traziam artefatos para abrirem um comércio. “No dia seguinte, já abrimos as portas, a Venda ‘Secos e Molhados’. Vendíamos de tudo para lavoura, como enxadas, e ainda cachaça”.
Além de Nelson, Dona Bela é mãe de Edinho Araújo, atual deputado federal, Nelsi Araújo e Edna Mara Araújo.
“No início, era só eu, meu marido e o Nelson; depois, vieram os outros filhos. Eu era sozinha, não tinha vizinhos”, relatou.
Ela disse ainda que, quando chegou à cidade, não havia nada, apenas terra, muita poeira, e fumaça da queimada das matas.
“Junto da nossa casa construímos um hotel, que foi o primeiro da cidade, e chamava-se Hotel Santa Fé. Não tínhamos água. Na época tentamos furar um poço, mas não conseguimos. Então eu saia da minha casa e descia até a venda do seo Salvador, na baixada, próximo à entrada do bairro São Francisco, para buscar água de tambor. Aos poucos chegaram mais habitantes e os fregueses da venda e os hóspedes do hotel foram aumentando. Apesar das dificuldades, nós lutávamos com muito ardor, força e coragem, pois sabíamos que íamos ter um futuro melhor, porque a nossa cidade prometia ser uma cidade de futuro”, contou.
Dona Bela ressaltou ainda que tem muito orgulho de Santa Fé. “É a cidade que eu vi nascer, crescer, menina moça, e hoje uma senhora, já de 68 anos. Eu tenho muito orgulho da minha cidade, porque aqui nasceram Edinho, Nelsi, e Edna. Apesar das dificuldades, tudo se passou e foi muito bom, pois tínhamos um Deus verdadeiro na nossa vida, que nos encorajava. A luta foi pesada, mas nos encorajou muito. Criei meus quatro filhos aqui”.
Ela contou ainda que acompanhou a cidade desde o início. “Vi a primeira missa de fundação, e daí eu e meu marido fomos participando dos atos da cidade. Hoje, Santa Fé é uma cidade completamente diferente de quando cheguei, e estou muito feliz de ver este progresso, atualmente uma cidade turística. Aqui tem tudo o que uma cidade precisa, e tudo isso nós vimos chegar, e vemos até hoje, assim como veremos a cada dia seu progresso. Admiro muito os governantes de Santa Fé, que têm feito muito pela cidade, inclusive os deputados, que não têm abandonado o município. O povo é hospitaleiro, são pessoas simples e amigas. Muitos fizeram a vida aqui, muitos vieram para conquistar algo, e aqueles que chegaram e chegam até hoje, conquistaram e encontram refúgio, vitórias nos trabalhos, pois é uma cidade aconchegante”, ressaltou.
Para finalizar, Dona Bela disse que nunca se arrependeu de ter vindo para Santa Fé. “Ainda espero algo melhor para a cidade, pois Santa Fé merece e promete continuação de progresso acelerado, seja com indústrias, comércio ou geração de emprego. Eu amo Santa Fé, pois foi onde vi meus filhos crescerem. Quem vem para cá nunca se esquece”.

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