UPA de Santa Fé do Sul agora realiza captação de córneas c
Por Vinicius da Costa
Desde agosto de 2014 a Santa Casa de Misericórdia de Santa Fé do Sul desenvolve a coleta de órgãos.
O gestor hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Santa Fé do Sul, e responsável pelo serviço de coleta de órgãos no município, Adilson Arruda Ramim, a Santa Casa já possui uma equipe preparada para a coleta de córnea desde agosto de 2014. “Os demais órgãos não são coletados, haja vista não possuirmos ainda o setor de Neurologia na entidade. Desta forma, na iminência de morte encefálica, o paciente é encaminhado ao Hospital de Base de São José do Rio Preto, onde são feitos os trabalhos de retiradas dos órgãos permitidos previamente pelo cidadão ou por parentes, no caso do óbito”, explicou Adilson Ramim.
Entretanto, desde a semana passada, a UPA – Unidade de Pronto Atendimento – também está realizando este serviço de captação de córneas.
Ao ser questionado sobre a importância de realizar a doação de órgãos, Adilson afirmou que no Brasil existem 34.543 mil pessoas aguardando um transplante. “Desse total, 21.264 mil são de rim; 10.293, de córnea; 1.331, de fígado; 539 de pâncreas; 282, de coração e 192 de pulmão. A doação pode melhorar a qualidade de vida de quem precisa de um transplante, permitindo que pacientes possam retomar as atividades normais”, relatou.
Adilson afirmou que nos anos de 2015 e 2016, Santa Fé do Sul teve 384 mortes e apenas 29 pessoas realizaram a doação de órgãos. “Neste ano tivemos o registro de 36 mortes e apenas 4 pessoas realizaram a doação”, enfatizou.
Não é toda morte que pode resultar em doação de órgãos. “Somente quando o cérebro deixa de funcionar e o coração continua batendo com a ajuda de aparelhos, a chamada morte encefálica, é que os órgãos poderão ser transplantados para outra pessoa. Isso ocorre, por exemplo, com vítimas de traumatismo craniano (por acidente ou violência) ou AVC – Acidente Vascular Cerebral –. Já no caso dos tecidos, é diferente, pois, mesmo após a parada cardíaca, é possível doar córneas, pele e ossos, entre outros”, esclareceu o gestor hospitalar.
Para que essas doações ocorram, ele disse que é uma decisão que pode ser definida por cada um antes de passar por alguma doença debilitante, mas acaba tendo de ser tomada pelos familiares. E, em meio ao sofrimento da perda, permitir à equipe médica que retire partes do corpo, como coração, pulmão e fígado, pode ser difícil. Por isso, é importante que quem pretenda ser doador, informe seu desejo aos familiares.
“Ainda existem muitas recusas sobre a doação de órgãos, seja por questões culturais, religiosas ou até mesmo pela falta de conhecimento, pois alguns familiares acham que o doador irá ficar desfigurado, ou acreditar-se que um paciente que teve a morte cefálica possa se recuperar, sendo que esta é uma morte irreversível. Então, é de suma importância que a família se informe, procurando a gestão da entidade para que sejam passadas todas as orientações a respeito. Somente desta forma faremos o bem ao outro, proporcionando a ele uma expectativa de vida maior”, afirmou o gestor hospitalar Adilson Arruda Ramim.
Para ser doador a pessoa precisa ter de dois a 80 anos e os pacientes, além disso, precisam passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral, para que comprovem que o paciente teve uma morte encefálica, que é caracterizada pela ausência de fluxo sanguíneo em quantidade necessária para o cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral. Aqueles que são impedidos de doar são pessoas portadoras de doenças que comprometam o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular. “Não devem sem portadores de doenças contagiosas transmissíveis como HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, não devem ter algum tipo de infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas”, relatou Adilson Arruda Ramin.