As Três Araras
Era uma vez, uma arara que teve filhotinhos lindos, travessos e peraltas, chamados Arara, Ararinha e Ararazinha. Os três eram o orgulho dos pais. Ainda pequenos, eram cheios de energia e curiosidade, viviam fazendo traquinagens e peripécias.
Tudo transcorria bem na Terra das Araras Azuis, Amarelas e Rosas até que um dia, o papagaio, representante eleito dos animais súditos, malandro e puxa-saco, fez uma reunião com toda a bicharada da mata e falou:
– Aí, galera! Nós, os bichos, sabemos que o pássaro é o representante desta terra, mas paira uma dúvida no ar: existem três passarinhos fortes que estão em crescimento. A qual deles devemos escolher? Quem, dentre eles, quando crescer, deverá ser o nosso rei?
Mas como descobrir? Essa era a difícil questão: lutar entre si, não seria a solução ideal, pois eram irmãos e muito amigos.
O impasse estava formado. De novo, todos os animais se reuniram para discutir uma solução para o caso. Depois de usarem técnicas avançadas de reuniões e gerenciamento de crises, eles tiveram uma ideia excelente. O papagaio ficou encarregado de encontrar-se com os três pássaros e contar o que a bicharada havia decidido:
– Bem, senhores e senhoras, falou o papagaio. – Encontramos uma solução desafiadora para o problema. A solução está na Montanha Difícil.
– Montanha Difícil? Como assim? Perguntaram os três filhotes de arara.
– É simples – ponderou o papagaio. – Decidimos que vocês três deverão escalar a Montanha Difícil. Quem primeiro atingir o pico será consagrado “Rei da Estância”.
A Montanha Difícil era a mais alta entre todas as montanhas naquele imenso reino. Cercada por um lago, cujas águas turbulentas e profundas estavam infestadas de jacarés, bagres, zoiúdos, corvinas, traíras, enguias e piranhas assassinas. A Montanha Difícil era o terror da bicharada. E o desafio foi aceito. No dia combinado milhares de animais cercaram a Montanha Difícil para assistir à grande escalada.
Arara, como era o primogênito, foi o primeiro a tentar. Não conseguiu.
Ararinha, o segundo filho, também tentou. Caiu exausto e não conseguiu.
Então, chegou a vez da Ararazinha, a caçula, que tentou, mas também não conseguiu.
E agora? Qual deles seria o rei afinal de contas, uma vez que os três foram derrotados?
Os animais estavam curiosos e impacientes para saber quem seria o novo rei. O papagaio de pirata, esperto, achava que ficaria com a coroa. Grande engano, porque nesse momento, uma coruja, idosa na idade e muito sábia, pediu a palavra:
– Eu sei quem deverá ser o rei.
Ao ouvirem aquilo, todos os animais fizeram um silêncio e ficaram na expectativa.
– A Vossa Senhoria sabe? Mas como? – Gritaram todos em uníssono, olhando para a coruja de olhos amarelos que pousara em um galho.
– É simples – disse a sábia coruja. – Eu fiquei voando entre eles, bem de perto e só observando. Quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada um deles disse de si mesmo e para a Montanha Difícil.
A primeira Arara disse: – Montanha, você me venceu!
A segunda Ararinha, também falou: – Montanha, você me venceu!
A terceira Ararazinha disse: – Montanha, você me venceu! Mas só por enquanto! Você, montanha, já atingiu seu tamanho final, mas eu ainda estou em fase de crescimento e aprendizagem…
– A diferença – completou a coruja – é que a terceira Ararazinha teve uma atitude de vencedor diante da derrota, e quem pensa assim é maior que seu problema, é rei de si mesmo, está preparado para reinar sobre os outros e comandar.
Moral da história: “Não importa o tamanho dos problemas ou dificuldades que você tenha. Seus problemas, na maioria das vezes, já atingiram o clímax, já estão no nível máximo – mas você não. Você ainda está crescendo. Você é maior que todos os problemas juntos. Você ainda não chegou ao limite do seu potencial.” (La Fontaine)