Crônica política
A crônica é um gênero literário bastante diverso e estudado no Brasil. É um tipo de texto habitualmente breve que utiliza linguagem simples e acessível. Seus temas costumam estar relacionados com o cotidiano, espelhando o contexto sociocultural e político do momento da produção.
As crônicas também podem assumir várias funções diferentes, como de textos descritivos, humorísticos, jornalísticos, líricos ou históricos.
Aproveitando o momento político, peço licença ao grande poeta, escritor e cronista Carlos Drummond de Andrade, para escrever uma crônica política inspirada em uma de sua autoria: Furto de flor.
Um político furtou uma flor no jardim aproveitando o cochilo do porteiro do edifício.
Depois do pequeno delito, o homem público levou-a para casa e colocou-a num copo com água. Ao sentir que ela não estava feliz no copo, passou-a para um vaso, e logo notou que ela lhe agradecia, externando melhor a mudança do seu habitat.
Sendo autor do furto e como homem público, assumiu a obrigação de conservá-la. Renovou a água do vaso, mas a flor empalidecia. Ele temia por sua vida. Não adiantava nem consultar um botânico. Vossa Excelência viu que ela iria morrer em suas mãos.
Já murcha, e com a cor particular da morte, o político docemente pegou-a e foi devolvê-la à cena do crime. O porteiro estava atento e repreendeu-o:
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!