Inezita Barroso

Publicado em 14/03/2015 00:03

A nossa heroína de hoje só poderia ser a Rainha Caipira, Inezita Barroso.
Quem na sua infância não deliciou as músicas raízes como Lampião de Gás, composta por Zica Bérgami, Peixe Vivo, música do folclore mineiro, Prenda Minha ou Moda da Pinga, de sua autoria, canção celebrizada pela nossa Dama da Viola?
Nascida na Barra Funda, antigo bairro fabril de São Paulo, tinha alma de interiorana tal como dizia a letra de Caipira de Fato, de Adauto Santos, que cantava: “Sou sertaneja/Não me nego e faço gosto/Tá escrito no meu rosto/Só não enxerga quem não quer”.
O nosso Ícone do Sertão era eclética.
Ela se destacou cantando Ronda, de Paulo Vanzolini, além de outras músicas de Noel e Ary Barroso.
Também atriz e formada em biblioteconomia, cresceu artisticamente com a profissionalização do rádio e da TV no Brasil.
Enciclopédia viva de uma época. Lutava como guerreira em favor da música caipira, exemplo de fidelidade e dedicação para fortalecer as raízes culturais do País.
No seu programa Viola Minha Viola, o mais longevo da história, opunha-se a presença de teclados e guitarras para preservar o ambiente sertanejo das apresentações musicais.
Certas coisas ela não engolia. “Essa música moderninha de hoje, que chamam de sertaneja, não tem valor. É sempre a mesma coisa, com a mulher que abandonou o marido. Com a agravante que só a tocam no mesmo ritmo, parece um realejo”, desabafou.
A nossa Embaixatriz da Música Caipira foi uma das maiores divulgadoras do cancioneiro raiz, levando gerações a conhecerem as obras de Cascatinha e Inhana, as Irmãs Galvão, Pedro Bento e Zé da Estrada, Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco, Zico e Zeca, Liu e Léu, Cornélio Pires, Bezerra de Menezes, Raul Torres, entre outros.
A nossa Deusa Caipira se decidiu pela vida artística após assistir a um show de Carmem Miranda e teve de enfrentar a resistência da família conservadora.
Da classe média alta, saiu com seu violão debaixo do braço e foi se apresentar em rodas de viola, nas fazendas da região. Foi quando conheceu os ritmos de catira, cateretê e chamamé.
A potência da voz da nossa heroína era inimaginável. Vê-la cantando acompanhada ao violão era um espanto.
Mais uma estrela que se vai e certamente vai deixar muitas saudades!

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