No tempo das balsas…

Publicado em 7/06/2024 00:06

Na praia do antigo Porto Taboado, final da Rodovia Euclides da Cunha, ao lado do Porto de Areia, eram desembarcadas as boiadas que atravessavam de balsas pelo rio Paraná para a Estrada Boiadeira com destino ao município de Barretos. As balsas levavam também pessoas, bicicletas, motos, carros, caminhões e ônibus para Aparecida do Taboado e região.
Foi numa dessas travessias que o médico João Soares Borges disse ter conhecido o saudoso Ditor Pintor e hoje sente saudades das românticas serestas feitas ao luar com aquele grande seresteiro.
E, para ir aos bailes do Taboado, só tinha um caminho, a balsa, relata Lélio Teixeira, pé-de-valsa inveterado.
Era também pela balsa que se ia aos bailinhos da Pousada do Japonês, da Lagoa Santa, como a galera de Cenise Monte Vicente.
Navegar na balsa era uma grande aventura na juventude de Odenir Visintin Rossafa Garcia. Tinha a espera na fila de embarque, mas, no Bar do Zuza, era comemorado tudo, o encontro com os amigos e os passageiros. Tempo bom.
Assim, Valéria Fraga, que foi da época das balsas de madeira. Ficava torcendo para ter fila só para ir à barraca tomar sorvete da Yopa e depois usar o fundinho do pote para brincar de pião.
Neste sentido, Mikio Ozahata admite que éramos felizes e não sabíamos. Tivemos uma infância maravilhosa, inventávamos os nossos próprios brinquedos.
E, o Severino Rossafa Belasco, popular Bocaiúva, era entendido de balsas. Por ter trabalhado como pacoteiro da Riachuelo, engraxate, funcionário de armazéns de secos e molhados do Francisco Bermal Caparroz, Empório dos Irmãos Sardinha, leva e traz do Banco Vale do Paraíba, office boy do Cartório de Amaury Whitaker, realizou mais de mil viagens sobre as águas do Paranazão.
Mauro Di Deus conta que o seu tio Benedito perdeu o freio do seua caminhão passando pela balsa inteira e caindo no rio feito uma abóbora madura. Você acredita que ele, já dentro das águas, feito Aparecidão da Rubineia, abriu a porta do Fenemê e saiu tranquilo com o palheiro na boca, parecendo uma Maria Fumaça parada na Estação da Fepasa?
Conta-se nas rodas de bar que certo dia os pecuaristas Emídio Araújo e Fraquito Bermal se encontraram na balsa. Ao avistar aquela imensidão do rio, um deles comentou: – Já imaginou se tudo isso fosse leite? O outro respondeu: – Mas como vamos arranjar tanta água pra botar no leite, compadre?

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