Novas variantes da Covid-19
Pesquisadores da Unesp debatem as vacinas bivalentes, a retomada de medidas para combater a alta na transmissão da Covid-19 e as mutações do coronavírus. Originadas da variante BA.5, a BQ.1 e BQ.1.1 são as variantes mais recentes do SARS-CoV-2 que estão em circulação no estado de São Paulo. A BA.5 é uma subvariante da Ômicron, responsável por aumentar de forma expressiva o número de casos de Covid-19 entre o final de 2021 e o começo de 2022. Nesse contexto, um ano depois, surge um novo sinal de alerta para outra onda da pandemia, com possível predominância da BQ.1 no país. “As mutações são muito parecidas. São todas de uma mesma linhagem, costumamos dizer, as linhagens da BA.5”, afirmou Deyvid Amgarten, cientista bioinformata do Hospital Israelita Albert Einstein.
Reconhecida por seu trabalho com sequenciamento genômico de amostras do SARS-CoV-2 em várias regiões de São Paulo, Rejane Tommasini Grotto, docente da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, diz que a frequência das variantes BQ.1 e BQ.1.1 tem crescido progressivamente. A taxa de transmissibilidade do vírus no estado de São Paulo chegou a 1.35 –ou seja, a cada três pessoas infectadas, o vírus é transmitido para outras quatro pessoas. Além disso, aponta Rejane Grotto, há subnotificação de casos causada pelos autotestes, e por isso a taxa de transmissão é maior do que a que foi aferida. “O que estamos vivendo hoje é um encontro de situações. Fomos liberados das máscaras quando o número de casos estava baixo. As pessoas não procuraram pelas doses de reforço e temos uma nova variante muito mais forte circulando” disse Gabriel Berg de Almeida, docente da Unesp e médico infectologista do Hospital das Clínicas de Botucatu (HCFMB).
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o também professor da Faculdade de Medicina da Unesp Alexandre Naime Barbosa aponta duas mudanças fundamentais no cenário: uma envolve o hospedeiro, uma vez que agora o indivíduo está vacinado, foi exposto ou já contraiu a Covid-19; a segunda está na diferença quanto à patogenicidade da Ômicron em relação a outras variantes. “Estamos vivendo uma doença completamente distinta do que víamos em 2020 e, até mesmo, no primeiro semestre de 2021. Não é a mesma doença e nem o mesmo público” disse Naime.
Agora, em 2022, a Covid-19 se apresenta como uma doença leve para a população vacinada e que afeta principalmente os pacientes imunossuprimidos, grupo que reúne pessoas com transplantes de órgãos sólidos e indivíduos que fazem quimioterapia, entre outros. Esses pacientes demandam atenção especial porque têm sua imunidade prejudicada pelo uso de medicações.