Os 70 anos de Ticara Abe
Ticara Abe é o nosso herói de hoje.
Nascido aos 28 de janeiro de 1944, em Marília-SP, é o samurai moderno, um guerreiro deste cotidiano sofrido, cheio de lutas e disputas que conseguiu vencer os obstáculos com determinação e trabalho.
Os seus pais, Ishitaro e Moto, de Hokaido-Ken e Akita-Ken, Japão, vieram para o Brasil no navio Arabia Maru, de Kobe, como imigrantes, e desembarcaram no Porto de Santos em meados de 1935.
Ticara é o 14º filho, dos 15 que o casal teve durante a sua saga, antes e após a imigração no Brasil.
O primogênito, Kikusaburo, e os irmãos Asako, Yoshi, Matsuno, Uchitaro, Kanojo, Akiko, Massakio e Tanjiro são falecidos. Miti, com 92 anos, é hoje a mais idosa, seguida de Toku, 91; Emiko, 75; Yaeko, 73; Ticara, 70 e o caçula, Kenji, com 67 anos.
Foi com esta numerosa família que Ishitaro, lenhador, em sua terra natal, se tornou lavrador das fazendas de café em Cafelândia, depois, em Marília, plantou arroz e, em Urai, Paraná, foi meeiro de uma lavoura diversificada que, além do café, também tinha roça de milho e feijão. Eles viviam em uma colônia de imigrantes japoneses onde havia o kaikan, o clube Nipo, com as atividades como undokai, espécie de gincana poliesportiva; yakyu, o jogo de baseball e o nodojiman, tradicional karaokê.
Nos anos 80 o nosso herói foi trabalhar em Mauá, no ramo de hortifrutigranjeiro.
Numa viagem à Jales, conheceu a sua cara-metade, Toshiko, que era funcionária do Banco do Brasil daquela cidade. O casamento aconteceu em Jales, mas a festa maior foi realizada em Mauá.
O casal de pombinhos se mudou para São Bernardo de Campo e depois foi morar em Santo André, quando nasceu o menino Silvio. Depois a família foi para São Joaquim da Barra e, em 1985, eles vieram para Santa Fé do Sul. Inclusive foram meus vizinhos, na rua dezesseis, onde ainda minha família reside.
Ticara foi diretor do Clube Nipo, em 1990, época em que eu fui presidente daquela associação e, por causa da transferência da sua esposa Toshiko para a agência do Banco do Brasil de Ribeirão Preto, se mudaram em 1991. No ano seguinte, em 1992, a família voltou para Santa Fé do Sul, definitivamente. Até hoje o casal faz parte do Nipo, sendo o grande sushi-man da entidade, e hoje comemora os seus 70 anos bem vividos.
Seu filho Silvio, que era chamado carinhosamente por Pipa, certamente estará comemorando esta data, lá de cima, do alto dos céus, derramando sobre o casal 35 uma chuva de felicidades!