Os riscos de drogas que reduzem o colesterol

Publicado em 10/12/2016 00:12

Os recentes alertas da agência reguladora americana de alimentos e remédios, o FDA, a cerca do risco das estatinas deixaram preocupados médicos e pacientes. Trata-se do grupo de remédios mais vendidos no mundo e dele fazem parte a sinvastatina, a atorvastatina, a rosuvastatiana, cujos nomes comerciais são bem conhecidos, devido à popularidade dos mesmos. São eles o Zocor, Vytorim, Zetsim, Crestor, Vivacor, Lipitor, Citalor, além de tantos similares das mesmas estatinas.
A arte médica de tratar as doenças é justamente a de pesar os riscos e os benéficos dos medicamentos. Todos eles têm benefícios que deve ser bem superiores aos seus riscos. Esse princípio serve para todos os medicamentos, inclusive para os ditos naturais, que diferente do que muitas pessoas acreditam, também interferem em nosso sistema biológico e são passíveis de efeitos colaterais. Sabemos pouco a cerca desses efeitos em fitoterápicos e medicamentos naturais porque eles são usados muito menos frequentemente e são envolvidos em muito poucos estudos.
Com relação às estatinas, o que sabíamos até então é que poderiam causar dores musculares e alterações no fígado e por isso o tratamento deveria ser monitorizado com dosagens regulares das enzimas musculares (CPK) e hepáticas (TGO e TGP). Agora, os nossos cuidados devem ser mais amplos, pois estudos científicos importantes têm revelado que esses medicamentos podem causar elevação da glicose no sangue, problemas de memória e até impotência sexual. Parece inclusive que a incidência e intensidade dessas alterações são diretamente proporcionais à dose da estatina utilizada.
Nossa maior preocupação recai sobre os diabéticos e pré-diabéticos em todo o mundo. Neles, as metas do colesterol são extremamente rigorosas e recebem nossas prescrições de estatinas com níveis de colesterol aceitas como normais em pessoas não diabéticas. E essa atitude também é baseada em importantes trabalhos científicos, que revelam um aumento considerável na proteção cardiovascular desses pacientes quando mantemos seu colesterol bem baixo.
De uma maneira geral, a redução do colesterol está inquestionavelmente relacionada a menor incidência de doença cardiovascular e a última pesquisa populacional, realizada nos Estados Unidos em 2010, revelou isso. Uma proporcionalidade entre a queda do colesterol no sangue dos americanos e uma menor taxa de mortalidade pelas doenças do coração. É bem sabido que os americanos estão aderindo ao controle do tabaco, que estão se alimentando melhor e que as doenças cardiovasculares estão sendo tratadas mais precocemente e com mais eficiência. Entretanto, uma relação direta entre o controle do colesterol e a queda na mortalidade cardiovascular está muito bem definida e comprovada.
Quando abordamos o tratamento do colesterol, nós sabemos que muitos casos de hipercolesterolemia familiar não podem ser combatidos com dieta, pois decorrem de uma maior produção de colesterol pelo fígado. Esses pacientes precisam receber estatina para se proteger e não deverá ser diferente a partir desses novos conhecimentos. De agora em diante, além de cuidarmos dos músculos e fígado desses pacientes, nós devemos investigar alterações de memória e risco de diabetes. Principalmente naqueles que se encontram no limiar de risco da doença, os pré-diabéticos. Não no sentido suspender a estatina, mas com o objetivo de intensificarmos sua necessidade de fazer dieta e realizar atividade física.

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