Patinho feio em sete capítulos

Publicado em 12/09/2014 23:09

No início de agosto, Marina Silva era considerada um peso morto na campanha de Eduardo Campos. Não tinha conseguido transferir seu patrimônio eleitoral para o cabeça de chapa e ainda atrapalhava as negociações feitas por Campos em quase metade dos Estados brasileiros, por discordar das posições políticas dos aliados. Para piorar, dificultava o trânsito dele em setores vitais da economia, como o agronegócio.
Com a morte de Campos, Marina chegou ao fim de agosto como um fenômeno nas pesquisas, empatando com Dilma Rousseff, e à frente de Aécio Neves, no primeiro turno. No segundo turno, venceria a petista.
De coadjuvante de uma campanha que não conseguia chegar a dois dígitos, se transformou em protagonista da disputa, quebrando a polarização PT-PSDB mantida por duas décadas.
No imaginário da classe política, a estrutura de uma candidatura com chances de ganhar as eleições é com um partido forte, marqueteiro famoso, tempo de rádio e TV, experiência administrativa aprovada e muito dinheiro para financiar a campanha.
Ao passar de patinho feio a cisne, Marina subverteu a lógica eleitoral vigente e derrubou os esteios que sustentavam os candidatos para se elegerem.
O alicerce de sua campanha é feito de outro material: comoção pela morte trágica do companheiro de chapa, carisma, distanciamento dos partidos políticos tradicionais e imagem de honestidade.
Como explicar, então, a liderança da ex-ministra nas pesquisas, que os adversários torcem para ser rebate falso?
Há pelo menos sete motivos que explicam este fenômeno:
1. Comoção pela morte de Eduardo Campos. Em geral, a morte melhora a bibliografia de qualquer ser, e Marina foi beneficiada por este fato.
2. Marina passou incólume pelos protestos que levou multidões às ruas, em junho.
3. Como não tem partido definido, Marina ganhou a simpatia de eleitores que não se importam com grupos partidários, mas com o valor da pessoa.
4. A guerra Dilma (PT) e Aécio (PMDB), com acusações de corrupção de ambos os lados, foi a gota d’água para Marina subir no conceito popular.
5. Sem envolver com financiamento de campanha irregular, Marina cultiva a imagem de mulher ética, religiosa e simples.
6. O aval de pessoas de competência e credibilidade, que Marina pretende convocar para formação de seu governo, foi fundamental.
7. A escolha de um vice de outra banda, com divergência de opiniões, define uma “política diferente”, contrária da prática da “velha política”.

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