Pedro Nakamura, 70 anos
Pedro Nakamura é o nosso herói de hoje. Nasceu com o nome de Eisabulo, aos 20 de janeiro de 1944, em Viradouro, cidade perto de Terra Roxa e Bebedouro, região de Ribeirão Preto.
Foi por causa do café, denominado pelos imigrantes de “ouro que nascia em árvore”, que o casal de japoneses, dona Fuki e seu Kiozo Nakamura, de Fukuoka Ken, Japão, desembarcou no porto de Santos, após uma viagem de navio que durou meses.
Eles foram parar nas fazendas de café de Viradouro, um local que marcava o ponto final de uma estrada e obrigava os viajantes a se virar, daí o nome do lugarejo.
A família, constituída de Mitiko, a primogênita, Kiyoko, Sumiko, Pedro, Eiko (falecida) e Roberto, o caçula, se mudou para Estrela D’Oeste para tocar roça de algodão. Depois, o clã dos Nakamura foi para Urânia, e, lá, o nosso herói quebrou muito milho, catou algodão, bateu amendoim e plantou mamona.
Mas era no terreiro de café que acontecia os melhores bailes. Era só colocar quatro tambores de areia nos cantos, enfiar as estacas e armar a barraca. A iluminação era de lamparina e lampião a gás. O sanfoneiro e o panderista ficavam no meio do “salão” e os pares dançavam em volta. Havia sempre um leiloeiro que leiloava um objeto qualquer, um buquê, uma rosa e até um frango assado. Quem arrematava a prenda tinha o direito de dançar com a dama mais bonita do forró. A colônia japonesa em Urânia era numerosa e o nosso herói participava de tudo – undokai, espécie de gincana poliesportiva; sumo; yakiu, nome dado ao baseball e kendô, uma arte marcial que utiliza o kataná, espada utilizada pelos samurais.
Certo dia, uma moça de alta linha, nascida em Bastos, veio de Cuiabá visitar a cidade e no kaikan, Clube Nipo, assistiu a grande performance do cantor de karaokê. Naquela noite, Terezinha Missao Kihara encontrou o seu príncipe encantado.
Pedro e Terezinha se casaram em 1971 e foram para Jales. Lá o casal montou o Jeca Bar, inspirado no personagem de Monteiro Lobato, o Jeca Tatu. A Terezinha fazia os salgados e o Pedro era balconista. “- Nunca vendi tanta pinga na minha vida; os fregueses levavam até em engradado”. A Pirassununga e a Katira eram as marcas que mais saíam. Até hoje o bar existe, na esquina da avenida, com a Praça do Jacaré. Entre os três anos que moraram em Jales nasceram os filhos, Edson Eiti e Flávio Kiyoshi.
Em 1974 o casal veio para Santa Fé do Sul e assumiu o Posto Shell, que era de Tatsuya Nagami, e estão até hoje trabalhando junto com os filhos Edinho, que se casou com Dagmar e tem o Caio, o querido netinho de nove anos, e Flávio, com Patrícia.
Pedro já foi presidente do Clube Nipo e sua esposa Terezinha foi vice do Fujinkai, departamento feminino do clube.