Raimundo Silva

Publicado em 14/11/2015 00:11

O nosso herói de hoje nasceu aos 31 de agosto de 1937, em Juazeiro, Bahia.
Filho de D. Dulce Figueiredo, integrante do coral da Igreja Nossa Senhora das Grotas e de Guilherme Bispo da Silva, o barbeiro mais conceituado da cidade.
Dos oito irmãos, Raimundo é o único que está vivo para contar a saga do clã dos Silva.
Nas Escolas Reunidas de Juazeiro, Raimundo fez o grupo, admissão e o ginásio.
Foi numa época em que o ensino era forte e o professor era respeitado.
Quem não sabia ler, escrever e fazer contas tinha de procurar outra freguesia; o aluno tinha de ter muita disposição e muque para carregar os cadernos e livros das disciplinas como Português, Francês, Inglês, Latim, Matemática, História, Geografia, Trabalhos Manuais, Religião e Educação Moral e Cívica.
Depois, Raimundo fez o Tiro de Guerra no quartel da cidade. Nos anos 60 trabalhou no serviço de alto-falante local, de Marabá, e da Sociedade Cultural. Também esteve presente na inauguração da Rádio Juazeiro Ltda. Era comum o nosso herói fazer encenações de Natal e Paixão de Cristo na porta da Igreja das Grotas, que ficava em frente da casa de João Gilberto. Naquele período casou-se com a sua metade da laranja, Laurentina Rocha. Em 1964, de férias, o casal resolveu passear pelo Rio de Janeiro.
Todo baiano era fissurado com a “Cidade Maravilhosa” por causa da Rádio Nacional, que transmitia os jogos do Fla-Flu, o Repórter Esso e as famosas novelas de rádio, como “Direito de Nascer” e outras. Mas a sua viagem foi interrompida por algo inexplicável. Em vez do Rio, os pombinhos foram para São Paulo e, em Jales, foi trabalhar na Rádio Cultura, convidado pelo dentista Edílio e seu filho, advogado Olinto Ridolfo. Ficou três meses na emissora e, em 1965, chegou a Santa Fé do Sul para fazer parte do cast da Rádio Santa Fé, com Arlindo Sutto, Paulo Billy Cortez, Marcos Alberto, Nestor Machado, Mauro André, Carlão e Joel.
De locutor de programas sertanejos, jurado de programas de auditório, como “Hora da Peneira” e “Rodeios de Violeiros”, além de comentarista no “Galo nos Esportes” com Adacyr Ferreira e José Porto, passou para o departamento de vendas onde trabalha até hoje. O dia mais feliz de sua vida foi quando nasceu a sua filha Regina, que hoje mora no céu, com a sua saudosa esposa, Laurentina.
No rádio-teatro viveu o personagem do homem mau na série “Luar do Sertão”, criação de Marcos Alberto. O programa era campeão de audiência e era transmitida aos sábados, com reprise aos domingos. Muitas histórias foram escritas também por Nestor Machado, Raul Reis e pelo nosso herói. Os efeitos especiais ficavam a cargo de Zé Benatti e Vanildo Martins.
Em uma noite chuvosa de verão, os “artistas” da rádio foram se apresentar no Circo Lambari, em Rubineia. Em uma cena dramática do circo-teatro, Raimundo Silva, o “homem mau”, desfere uma punhalada no marido da mulher com que ele estava interessado, matando-o imediatamente. Na platéia, uma senhora, espectadora do “assassinato”, sem titubear, pegou o seu guarda-chuva e correu atrás do “criminoso”. Raimundo só não apanhou mais graças a um policial que logo resolveu o seu problema sexual.
No Carnaval da cidade, o nosso herói teve uma participação ímpar. Em 1964, somente o Tênis Clube iria realizar o Carnaval de salão na cidade. O nosso herói criou a Escola de Samba Cacumbu para realizar o primeiro Carnaval no Clube Nipo. Também foi o criador do primeiro trio elétrico com o seu conjunto tocando marchinhas, como “Mamãe eu Quero”, “Me dá um dinheiro aí” e “Allah-La-Ô”. Outra alegoria que atraiu o público daquele tempo foi a figura de um palhaço deitado no trio elétrico.
Nos anos 70 foi protagonista do filme “Estrada da Vida”, de Nelson Pereira dos Santos, fazendo o papel de um empresário valentão, com Nadia Lippi, Silvia Leblon, e a dupla sertaneja Milionário e José Rico. Esta película foi vista em mais de 120 países.
Também fez uma participação em outro filme, “Sonhei com Você”, desta vez, com direção de Ney Santana, filho de Nelson Pereira dos Santos. Foi integrante da delegação do Iepim nos Jogos Abertos do Interior, em Santos.
O nosso herói, além de radialista, comentarista, cantor, escritor, compositor, ator de teatro, cinema e vendedor, é exímio percussionista e, dentre os músicos da Estância, possui um brilho especial por ser amigo e companheiro de todas as horas.
A sua companheira de mais de duas décadas, Claudecy Batista, é uma das suas maiores fãs.

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