São Paulo Quatrocentão
Quando tinha cinco anos de idade, participei de uma das datas festivas mais esperadas pelos paulistanos, o quarto centenário de fundação da cidade de São Paulo, comemorada no dia 25 de janeiro de 1954.
No passeio pela Terra da Garoa, o que mais me encantou foi a imensidão da cidade, com seus monumentais arranha-céus.
Estão ainda na minha lembrança a Loja Mappin, onde minha tia Lúcia Kamakura comprou para mim um uniforme completo do São Paulo F.C. com direito ao icônico gorro tricolor. Agora são-paulino da gema, esperava ser campeão do quarto centenário, mas por ironia do destino, foi o Corinthians.
Depois de me perder na Liberdade, fui encontrado na Praça da Sé, graças a Deus. Ao visitar o Instituto Butantã, me recordo que rolei por toda a extensão da fachada coberta pela grama esmeralda e acabei não vendo as serpentes venenosas.
No Anhangabaú, assisti embevecido à “chuva de prata”, quando uma esquadrilha de jatos jogou triângulos de papel alumínio, imitando uma chuva de estrelas. Mais tarde fiquei sabendo que o doce chamado “dadinho” foi inspirado nesse fato espetacular e possui o símbolo do quarto centenário.
No Parque do Ibirapuera foram tantas comemorações culturais, e “São Paulo Quatrocentão” foi a música que ficou gravada na minha memória até hoje.
Em 1954, a Prefeitura de São Paulo fez um concurso para escolha da música que marcaria o 4º centenário da cidade. Os vencedores foram Garoto e Chiquinho do Acordeon. A canção ficou muito famosa sendo tocada em rádios e programas de televisão por vários artistas. Hebe Camargo, antes de se tornar apresentadora de TV, foi a primeira cantora a interpretar a letra composta por Avaré para “São Paulo Quatrocentão”.
Hoje já ouvimos as interpretações de Mário Zan, Waldir Azevedo, Caçulinha, Robertinho do Acordeon, Luizinho do Fole, Tonhão do Baixo, Zé Herrera da Gaita e Jipão da Sanfona.