Vascão 9.2

Publicado em 23/12/2022 00:12

Não é todo dia que a gente faz 92 anos. Ter um amigo com essa idade é um privilégio que só quem o possui pode dizer.
Nos anos 70, quando cheguei à urbe, que agora é uma Estância, conheci Vasco de Figueiredo, cirurgião dentista, jogando no campo de racha do Tênis Clube e atuando como voluntário nas instituições da cidade.
Na verdade, o primeiro a me acolher para jogar o racha foi o professor José Pazim. E desde então me tornei um racheiro inveterado.
Na minha saudosa Rubiácea, o jogo de futebol por lá era de campo.
Nos anos 60, na faculdade, em Araraquara, o futebol de campo predominava, já que a Ferroviária, time da Fonte Luminosa, tinha subido para a divisão especial.
Ao ser sócio do Tênis tive conhecimento de como era jogado o futebol de racha.
Eu me lembro que cheguei com uma chuteira de couro, com cravo tradicional e fui advertido pelo diretor de esportes, o Tião, da Farmácia, a trocar por um Kichute, a coqueluche da época.
Estávamos em 1972.
Apenas os casados poderiam jogar no racha do Tênis. Mas por incrível que pareça os solteiros, como eu, Arnaldo Poleto, Santana, Alberi e Zezé, filho do Zé Protético, tinham a prioridade para atuar.
Dessa tropa de elite, quem restou foi somente eu, que casei como os outros, mas os mesmos, misteriosamente, deixaram de participar do racha.
Vascão foi sempre o lateral direito, que os amigos Adacyr e Aureliano apelidaram de “Enciclopédia do Racha”. Era uma homenagem a Nilton Santos, pela sua categoria, lucidez e tranquilidade em fazer as jogadas.
O nosso herói era o mais assíduo do grupo. Só faltou ao racha no dia do seu casamento com a dona Elza, quando nasceu o filho Renato e quando se casou pela segunda vez com a dona Eunice.
O nosso grupo de racha do Tênis era muito unido. As festas do Dia das Mães eram tradicionais. E a homenagem aos racheiros, de 50 anos, se tornou uma marca indelével.
De madrugada, depois da primeira festa dos 50 anos, de Vascão, que foi realizada na AABB, eu e Ortogamis, no alto dos nossos 30 anos, sentados na varanda do clube, comentávamos: – “O nosso amigo está velho, como será o dia em que agente tiver a idade dele?”
Hoje, ambos com mais de 70, enxergamos o nosso amigo e herói desta história mais jovem como nunca!
São reminiscências do tempo que a gente tem de refletir…

Última Edição