A FOTO E A PRIVATIZAÇÃO

Publicado em 14/06/2024 00:06

No Córrego do Cervo, município de Nova Canaã Paulista, por volta de 1.985, o saudoso Luiz Humberto Senedeze, apelidado “capadô”, como meu amigo de infância, me chamou para jogar futebol e defender as cores do time do Cervo Esporte Clube. Aceitei o convite e eu que tinha voltado formado em Direito com 21 anos de idade. “Peguei” minha primeira causa: defender as cores do Córrego do Cervo.
Fui e também convidei o Tião Perlim (Aparecida D’Oeste), Caçarola (Nova Canaã Paulista), Pimenta (Aparecida D’Oeste), Vadinho, Nori, Donizete e Niquinha (todos de Três Fronteiras) e nos juntamos ao Bita, Tião Salvione, Dedê e Berto (o “capadô) e formamos nossa equipe.
Aí começamos a jogar e foram 27 partidas invictas. O técnico era o saudoso e pranteado Nheca.
E a festa era tanta que tiraram uma fotografia que ficava exposta na “Venda do Cervo”, dessas vendinhas onde a maior motivação era o encontro dos moradores das zona rural, que são hoje lembranças afetivas, questão de emoção e memória.
No dia do falecimento do Luiz Humberto, eu e o saudoso craque Buzo passamos pela tal “venda” e o Buzo, com razão, exclamou: “eu que fui jogador profissional não tenho uma foto pendurada na parede de um bar!”, com certo ar de indignação e eu todo orgulhoso!
Acontece que um menino que cresceu naquela região certo dia volta à venda e oferece 200 reais pela foto (pelo quadro como era tratado) e a “dona do bar” (que não era dona do “quadro”) procede a alienação daquela foto, pois o quadro já era um patrimônio histórico.
Penso até que minha posição em ser contra “privatização” de patrimônio “público-histórico” nasceu daí…
Hoje estou com minha foto na galeria de ex-presidente da subseção da OAB de Santa Fé do Sul, ladeado por grandes nomes da advocacia, e só espero que aquela galeria não seja “privatizada” pelos mesmos métodos daquela histórica fotografia.
Imaginem só quando resolverem “privatizar” as praias aí teremos que aprender a nadar de braçadas mar adentro…ou a digitar conscientemente no lusco-fusco da cabine eleitoral, para fugirmos dos “tubarões”.

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