A rede do poder corporativo mundial, segundo Ladislau Dowbor

Publicado em 18/10/2025 00:10

A rede mundial de corporações, segundo Ladislau Dowbor, é um sistema complexo e organizado que controla grande parte da economia global. Dowbor, economista e professor da PUC-SP, argumenta que essa rede é formada por poucas corporações extremamente poderosas que dominam os setores produtivos e financeiros.
A pesquisa do Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH) identificou que as corporações transnacionais formam uma estrutura em forma de “gravata borboleta” (bow-tie), com um núcleo pequeno e fortemente articulado de instituições financeiras controlando grande parte da economia global. Esse núcleo, chamado de “superentidade”, detém quase pleno controle sobre si mesmo e é composto por apenas 147 empresas transnacionais.
Características
• Concentração de poder: apenas 737 atores principais acumulam 80% do controle sobre o valor de todas as empresas transnacionais.
• Interconexão: as corporações estão interligadas por meio de participações acionárias e financeiras, o que gera uma grande instabilidade financeira sistêmica.
• Dominação financeira: o sistema financeiro domina os sistemas produtivos, levando a uma alocação de recursos de forma ineficiente.
Implicações
• Instabilidade financeira: a concentração de poder e a interconexão das corporações geram uma grande instabilidade financeira sistêmica.
• Desigualdade: a apropriação de recursos por parte das corporações é desproporcional ao que produzem, levando a uma grande desigualdade.
• Falta de controle: a ausência de regulamentação eficaz permite que as corporações atuem com grande liberdade, sem controle significativo
Os números em si são muito impressionantes, e estão gerando impacto no mundo científico, e vão repercutir inevitavelmente no mundo político.
Batalhar por juros decentes e pela racionalidade do sistema financeiro nas suas diversas dimensões tornou-se tão estratégico como batalhar por salários dignos. E combater o sistema de agiotagem que tomou conta do país é uma condição básica de qualquer recuperação do processo de desenvolvimento.
Enfim, bem por isso mesmo que o domínio do sistema financeiro sobre o produtivo é a regra hoje do “capital improdutivo”, leia-se capital financeiro, vergonhoso e que concentra renda. Isso não faz bem a ninguém, nem ao capital (tradicional e produtivo), nem ao trabalho e assim escraviza a todos.

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