AGRICULTURA FAMILIAR JÁ

Publicado em 7/12/2024 00:12

Atualmente, a manutenção de amplas áreas de terras improdutivas diz respeito às condições ligadas à estratégia do agronegócio na agricultura brasileira são simultaneamente matriz da moderna questão agrária. Elas representam um obstáculo ao desenvolvimento das forças produtivas da agricultura familiar e dos assentamentos da reforma agrária. Uma estratégia de desenvolvimento que incorpore esses segmentos terá necessariamente que desbloquear essa rede de restrições. Sem isso, não será viável um projeto de desenvolvimento autônomo.
Observe-se que a incompatibilidade com o desenvolvimento aqui deduzida é bem peculiar. É aquela que se apoia na estrutura agrária intocada e na rede de condições que relançam na atual conjuntura as estratégias do agronegócio brasileiro.
Nesse sentido o entendimento do professor Joelson Gonçalves de Carvalho: “Mesmo com a intensificação da luta pela reforma agrária, não houve uma redução significativa da concentração fundiária entre 1985 e 2006, de modo a se tornar perene a expropriação, a expulsão e o desemprego, que continuam configurando como elementos centrais da questão agrária nacional com rebatimentos sociais significativos, a exemplo da violência no campo que é constante em todo este período de estruturação do agronegócio.”. (CARVALHO, Joelson Gonçalves, p. 10).
Vejamos também a observação de João Pedro Stedile e Bernardo Mançano Fernandes: “Outra característica desse modelo norte-americano é a redução da população economicamente ativa na agricultura, ao ritmo de 5% ao ano, para chegarmos nos próximos oito anos a um índice de apenas 4% da população no meio rural. Nesse modelo não cabe nenhuma política agrícola voltada para a agricultura familiar, nenhuma política mais abrangente de assentamentos e muito menos uma política de reforma agrária do tipo clássico.”. (STEDILE, João Pedro & Fernandes, Bernardo Mançano. p140).
É, pois, uma forma peculiar de expelir o ‘setor de subsistência’ brasileiro pela estratégia de expansão do agronegócio, em detrimento do homem do campo, da agricultura familiar, de subsistência e do camponês.
As diversas políticas econômicas têm demonstrado serem alicerces do fortalecimento do agronegócio, em detrimento do ‘setor de subsistência’, agricultura familiar e campesinato e, por mais que se procure demonstrar que essas situações e condições sejam um estágio ‘atrasado’ de evolução da atividade econômica-empresarial entendemos que o setor de subsistência, a agricultura familiar e o campesinato necessitam, antes de tudo, de participar da reforma agrária.
As medidas econômicas das últimas décadas é um marco revelador do alijamento do setor de subsistência, da agricultura familiar e do campesinato das políticas econômicas brasileiras.
Qualquer política econômica há que considerar que o Brasil enfrenta um grave problema agrário que é a concentração da propriedade da terra, e que, portanto, para resolver esse problema, é necessário realizar um amplo programa de desapropriações de terra, de forma rápida, regionalizada, e distribuí-la a todas as famílias sem-terra, que são 4,5 milhões em todo o Brasil.

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