COP 30 e Abramovay

Publicado em 1/11/2025 00:11

Sempre escrevo dos “heróis” do cotidiano, mas essa séria objetiva tratar dos atuais escritores que “revolucionam o mundo” com seus pensamentos. Hoje é dia de Abramovay, principalmente porque a COP 30 que se avizinha e se torna pertinente.
Ricardo Abramovay nasceu em 1953. Formou-se em Filosofia pela Université, Paris, em 1974. Obteve mestrado em Ciência Política pela USP e doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas-SP. Abramovay obteve o prêmio de Melhor Tese pela Associação Brasileira de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) em 1991
É destaque de seus pensamentos: “…procura mostrar que o padrão de crescimento da Amazônia nas últimas décadas desestimulou o fortalecimento da economia regional, não elevou o padrão de vida da população e trouxe danos ambientais que comprometem a própria produção agropecuária.”
O trabalho compõe-se de cinco tópicos, assim: Inicialmente ele mostra que o crescimento econômico e o bem-estar das populações que vivem na Amazônia não dependem do desmatamento.
O segundo tópico mostra que os custos econômicos da interrupção dos desmatamentos seriam irrisórios.
A seguir (tópico três), o estudo volta-se à importância das Unidades de Conservação e das populações que nela vivem, sob o ângulo não apenas dos serviços ecossistêmicos que prestam, mas também dos potenciais subaproveitados de geração de riqueza e bem-estar contidos nas práticas econômicas dos povos tradicionais.
O quarto tópico mostra que estas áreas encontram-se sob ameaça e esta ameaça compromete não apenas o desenvolvimento econômico da região, mas o próprio estado de direito.
Por fim, tópico cinco, o trabalho expõe as informações que desfazem o mito segundo o qual o Brasil é o único país do mundo a proteger suas florestas.
A análise de Ricardo Abramovay aponta para a necessidade de uma transformação radical no modelo de desenvolvimento, especialmente na Amazônia, trocando o extrativismo destrutivo pela “economia do conhecimento da natureza”.
Sua abordagem, fundamentada em uma crítica ética e econômica ao capitalismo tradicional, defende a integração de sociedade, economia e natureza, valorizando a sociobiodiversidade e o protagonismo das comunidades locais.
A abordagem de Abramovay tem uma forte base ética, argumentando que o desenvolvimento sustentável exige mais do que apenas eficiência econômica; exige uma reavaliação dos valores que fundamentam a sociedade. Ele sugere que a economia deve ser repensada para servir a objetivos sociais e éticos, e não apenas ao crescimento por si só. Isso implica em conectar economia, ética, sociedade e natureza de forma harmônica, rompendo com a lógica utilitarista que tem dominado o pensamento econômico.
Abramovay ressalta que a verdadeira bioeconomia na Amazônia não deve ser confundida com o mero extrativismo, mas sim com a construção de cadeias de valor que promovam a sustentabilidade e a inovação. Ele destaca o potencial da bioeconomia para gerar riqueza, mantendo a floresta em pé.

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