‘ENCONTRINHO’

Publicado em 20/10/2023 00:10

Os meninos nascidos nos anos 50/60 na cidade de Três Fronteiras sempre fizeram o “Encontrão”, uma festa de reencontro de amigos de infância que, amantes do futebol, criaram o “infantil”, depois “juvenil” e que se tornou o time de futebol da cidade, mantendo a denominação “Juvenil Três Fronteiras”.
Nasceu o time no quadrilátero das ruas Terra de Santa Cruz, Fernão Paes de Barros, José Manoel Ferreira e Avenida Ana Rocha de Oliveira. O treino, naquela época, era descalço na rua de areia; primeiro, pelo veio Neca; depois, Paladar e; finalmente, João Rodrigues; mas depois veio o Kichute que revestia nossos pés e fomos jogar no campo da cidade, onde hoje se localiza o prédio da prefeitura.
Só que daqueles meninos, quase todos têm problemas nos joelhos e, sem critério científico, atribuo àquele adorno, chamado Kichute, no membro inferior que, na nossa ilusão, nos proporcionava o chute sensacional, mas também as dores de lesões irreversíveis.
Após a pandemia, infelizmente perdemos alguns irmãos: o Damião, o Danielzinho Binheli, o Lute, o Nori (“Celeiro”) e o Pardal; quando, até então, não faltavam em nossos antes “Encontrões”. Esse “Encontrinho” também foi uma forma de ajudar a recuperar a dor dessas perdas.
Severo Neto de Oliveia, no, agora, “Encontrinho”, também faltou, pois foi operar do joelho e ficou em São Caetano do Sul se recuperando.
Rubens Soares, filho de um dos pioneiros e primeiro vereador pelo município, senhor Manoel Soares, foi roubado de nosso convívio pela política lá na cidade de Campinas.
Valmir, o neto do velho Moreira e filho do seu Pedro, ficou em Rio Claro, fazendo musculação para se recuperar.
No “Encontrinho” vieram o Maninho e o João Luiz, com suas esposas, queridos filhos do professor Luizinho e da Dona Lazinha.
Os filhos do saudoso Nori, Juliana (acompanhada no nosso Cirinho, filho do Cirão) e João Cleber, com a namorada, carismaticamente bem representaram ao pai, que tenho certeza não quer que o “encontro” (grande ou pequeno) acabe.
O Mikio e o Eduardo Iamoto, por problemas “técnicos”, não puderam comparecer. Armindo “Mindão” foi à cidade de Macatuba visitar parentes por problemas de saúde. O Tiorinha ficou em Araçatuba, mas disse que da próxima vez virá, custe o que custar. Aimar já se reintegrou a equipe e virá, pois, segundo ele, a “saudade desse pedacinho de terra é demais”.
O Cachumbinha (Neno), filho e representando a família do “Cachumbão”, esteve presente desfilando sua elegância e já não chora mais quando volta para trabalhar na grande cidade, pois chorou tudo que tinha para chorar quando de Três Fronteiras se mudou – com 11 anos – e foi de trem e olhando para trás caiu em prantos, quando terminou a primeira curva da estrada de ferro, perdendo a visão dos meninos que foram até a Estação para a despedida e aí dormiu, para acordar na Estação da Luz e iniciar uma etapa para a nova vida.
O João Carlos Caldeira, filho do João Caldeira, foi o primeiro a chegar animado, após intervenção cirúrgica no coração e nada modificou, pois continua com o coração amoroso, afetuoso e distribuiu, com energia, abraços e sorrisos a todos.
Walter Brás de Melo, o Tica, nosso velocista, esteve presente, contando as façanhas da infância, que não volta mais.
Eu e a Tânia, minha esposa, recebemos carinhosamente esses heróis de uma época, ajudados pelo Dinho e pela Fabiana e esteve presente minha mãe Delvita, com 88 anos, bem animada e relembrando das histórias desses “meninos” que só queriam saber de bola, encantados com a magia do futebol, que marcou o nosso caráter e seja com “Encontrão” ou “Encontrinho” cada um fez seu gol na História de Três Fronteiras e na vida e, com certeza, farão muito mais…arte, porque a vida é uma arte, mas é preciso saber viver. Amigos para sempre que aprenderam a “arte” de amar no “campo” e na “vida”!
Finalizando, no resumo das palavras do poeta Drummond: “…colocando-nos a todos no mesmo saco, me sinto muito ligado geracionalmente a vocês…em que, diante da mesma cerveja eterna, zumbiam os anseios…e assim me acostumei a vê-los, tempo rolando, com um sentimento de irmandade que me dá prazer”.

Última Edição