ISMAEL
Tem certas pessoas que marcam a memória (emotiva) da gente. Quando criança, sempre adorei futebol, até acreditava que poderia “virar jogador”. Não deu certo.
Conheci ainda pequeno, e por conta do esporte, a pessoa de Ismael.
Ismael era uma pessoa simples, lavradora e que tomava conta do time de futebol de Três Fronteiras. Sempre me impressionou a disponibilidade dele para organizar as partidas de futebol, reunir os jogadores e colocar o time em campo.
Não sei por onde ele anda, mas geralmente a história não registra o trabalho dos agentes anônimos que constroem uma cidade, um estado, um país.
Desse modo, essa minha escrita é minha contribuição, despretensiosa, de relembrar dessa pessoa que deixou um exemplo de dedicação, abnegação e vontade.
Tenho ele como dirigente, técnico e também jogador, já que exercia múltiplas funções e se mudou de Três Fronteiras e tenho certeza deve estar tranquilo, gozando, penso eu, hoje da felicidade que tanto merece.
Ismael realizava por caridade e sua atividade era feita de um modo espontâneo. Era um dos comandantes do esquadrão da Sociedade Esportiva Três Fronteiras, juntamente com a família Marconcini, todos de uma maneira voluntária.
Daquele tempo, relembro o time por ele escalado e eu não perdia um jogo. Sentia mais emoção do que ver hoje a Seleção Brasileira. O time ia a campo com Pedro Julião, Miltinho, Zezinho Araújo, Serginho Marconcini, Zafalon, Pedro Crespilho, Braz de Oliveira, Rubinho Belão, Chesma, Oleiro e Nivaldo Marin, time que não me sai da memória. Talvez hoje não consiga escalar a Seleção Canarinho.
Depois a Sociedade Esportiva, uniu com o Juvenil Três Fronteiras para formar o Três Fronteiras Esporte Clube e ser, por duas vezes, vice-campeão e uma vez campeonato amador regional. Mas isso é outra história.
A crônica aqui pretendeu registrar esse personagem histórico de Três Fronteiras, que deixou bons exemplos a serem seguidos, assim como muitos heróis anônimos que também contribuíram para o desenvolvimento esportivo, social, cultural e econômico do município.
Para finalizar aos mais filósofos, em certa oportunidade trouxe a discussão dessa questão, quando escrevi em meu Introdução ao Estudo do Direito, trazendo os estudos de Hespana para quem há uma corrente na História que procura legitimar a situação e outra a “História crítica” ligada à história dos diversos contextos (cultura, tradições, estruturas sociais, convicções religiosas). Introdução ao Estudo do Direito, Editora Dialética, 2 ed., 2014, pág. 37). Ismael pode não ser lembrado pela historiografia oficial, mas certamente está inserido nos contextos sociais de nossa amada Três Fronteiras.