JOSUÉ DE CASTRO, A FOME, A DITADURA E O DESFILE

Publicado em 2/02/2024 00:02

Tenho aqui inúmeras vezes retratado personagens locais que fizeram nossa história, embora não constem da história oficial, mas hoje vou aqui trazer o personagem Josué de Castro. Pelo nome até simplista, nem parece um personagem internacional.
Josué Apolônio de Castro, mais conhecido como Josué de Castro, foi um médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro do combate à fome. Destacou-se no cenário brasileiro e internacional, não só pelos seus trabalhos ecológicos sobre o problema da fome no mundo, mas também no plano político em vários organismos internacionais.
Partindo de sua experiência pessoal no Nordeste brasileiro, publicou uma extensa obra que inclui: Geografia da fome, Geopolítica da fome, Sete palmos de terra e um caixão e Homens e caranguejos. Exerceu a presidência do Conselho Executivo da Organizações das Nações Unidas (FAO), e foi também embaixador brasileiro junto à ONU.
Recebeu da Academia de Ciências Políticas dos Estados Unidos o prêmio Franklin D. Roosevelt. O Conselho Mundial da Paz lhe ofereceu o prêmio internacional da Paz e o governo francês o condecorou como Oficial da Região da Legião de Honra. Foi ainda indicado ao Nobel da Paz nos anos de 1953, 1963, 1964, 1965 e 1970.
Logo após o Golpe de Estado de 1.964 teve seus direitos políticos suspensos pela ditadura militar do Brasil, ressentindo-se em Paris a falta de nossa terra. Foi exata e precisamente nessa época que lançou o livro Geografia da Fome, quando buscou tirar da obscuridade o quadro trágico da fome no país.
Lembro desse digno personagem para demonstrar o mal que uma ditadura faz e ainda tem quem prega a volta à ditadura e defende princípios antidemocráticos.
Como diz o retratista do cotidiano Edson Watanabe, esse é o herói de hoje, só que além de internacional, é um ser humano especial, pois o combate à fome é a defesa da dignidade humana e nisso Josué foi fantástico precursor brasileiro.
E a defesa da dignidade humana pressupõe ares de democracia. Josué foi mais uma vítima da ditadura. Hoje o tema é denominado Segurança Alimentar para fins de políticas públicas federais, estaduais e também municipais (disponibilidade e acesso permanente de alimentos, pleno consumo sob o ponto de vista nutricional e sustentabilidade em processos produtivos) dada a importância e notoriedade da dimensão da “fome”, tema iniciado pelo nosso homenageado.
Em tempo de desfiles de Carnaval, quem eu homenagearia em minha passarela e seria tema de minha escola: Josué de Castro. Vivaaa!

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