NÃO TENHA PRESSA
A última vez traz em si uma ideia que apavora as pessoas e ela é uma ideia intimamente ligada, nas relações humanas, ao tema da morte, do encerramento de nosso ciclo vital, assim como a primeira vez vincula diretamente a questão da sexualidade, principalmente decorrente do machismo.
Porém, a última vez pode ter aspecto diferente.
A última vez que vi um amigo.
A última vez que fumei um cigarro.
A primeira vez também pode fugir do tema que, em tese, se apresenta normalmente. Pode fugir da sexualidade.
A primeira vez que fui à escola, com seis anos de idade. Esperando o sinal de entrada, acabei por perder o lápis. Comecei a chorar. Gentilmente, a Inês Kawahara perguntou o que estava acontecendo e eu então declinei o motivo. Ela, mais que depressa, conseguiu outro lápis e me forneceu aquele instrumentário necessário para marcar, riscar e que, com ele, futuramente, aprenderia escrever. Sorri, então!
A primeira vez que fui pescar com meu filho no mesmo Córrego da Volta Grande, em Três Fronteiras, foi sensacional, embora tenha sido interrompida pelo aparecimento de uma cobra.
A primeira vez que assisti ao jogo do Corinthians, inesquecível, e foi o Morumbi, quando perdeu por 1 x 0. Foi demais, embora derrotado o meu Timão pelo Juventus!
Assim, tanto as últimas vezes podem fugir do tema morte, quanto as primeiras vezes não precisam necessariamente ser ligada a sexualidade.
Podemos sorrir e viver demais e intensamente a vida, “curtindo” e cultivando em nossa memória emocional os pequenos momentos. Diversas vezes e não importa se é a última ou a primeira.
Isto porque as últimas vezes podem ser as primeiras e não teremos outras oportunidades.
Vivamos a primeira como a última e a última como a primeira vez, porque o importante é saber viver intensamente. Sempre!
Um amigo meu diz que “a saideira é mais gostosa”, por isso, para ele, tem sempre mais de uma saideira, mas sempre tem que ter a primeira para começar e tudo para ficar “jogando conversa fora” na mesa do bar.
Se houve a primeira e a última, começo e fim, alfa e ômega é no meio que sobrevivemos e, assim, não tenha pressa, pois o caminho é que nos faz conhecer.