Basta não queimar…

Publicado em 6/06/2014 23:06

Eu vou gritar gol do Neymar.
Ou do Fred, Hulk, Jô, qualquer um dos vinte e três convocados. Sim, eu vou gritar gol da nossa seleção.
Se eu sou a favor da Copa do Mundo no Brasil?
Não, eu não sou a favor.
Porém, também sei que a atual situação de nosso país não se deve ao fato da realização desse evento aqui, e sim, em virtude de más escolhas que muitos de nós, brasileiros, temos feito diante de uma urna eleitoral.
Não me iludo em acreditar que todo esse dinheiro gasto pelo Governo Federal com a Copa seria destinado, caso ela não ocorresse aqui, a outras áreas importantes como saúde, educação e segurança.
A destinação continuaria sendo insuficiente para todo o resto e, caso houvesse algum excedente, sei que o bolso de alguns bandidos – que não ouso comparar aos verdadeiros políticos sérios que existem no país – estaria mais cheio.
Eu, assim como a maioria dos brasileiros, amo o futebol, portanto, torcerei, sim, para o sucesso de nossa Seleção Brasileira.
Eu, como todo bom brasileiro, amo o Brasil, portanto, mesmo em meio à euforia de qualquer vitória, não me esquecerei das mazelas do meu país.
Sei que quando reunir meus amigos para assistir a um dos jogos, alguma família poderá estar se reunindo para velar um trabalhador honesto, morto por um menor infrator, produto da falência da entidade familiar, da propagação incontrolável das drogas, e da insegurança assustadora.
Sei que enquanto eu estiver gritando gol, talvez, alguma mãe esteja gritando desesperada para que salvem a vida de seu filho, que aguarda atendimento no corredor de um hospital público.
Sei que em algum lugar do país a pipoca que como durante o jogo seria um banquete para uma família. Sei que a água que eu bebo mataria a sede dessas mesmas pessoas.
Tenho consciência disso tudo, e também tenho a de quando posso começar a mudar tudo isso.
Nas próximas eleições.
Não preciso apedrejar lojas, destruir patrimônios públicos, ou tentar impedir que a Copa aconteça. Não precisarei queimar nenhum ônibus sequer. Basta que eu não queime o meu voto.
Se você, assim como eu, também ama o nosso país, pense nisso.
As maiores mudanças no Brasil não virão através da força, mas, sim, da consciência e da percepção da necessidade de mudar.

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