Escolhas – O Discurso

Publicado em 28/11/2014 23:11

De todas as formas possíveis e imagináveis, nós realmente devemos estar aqui hoje.
Se nos fossem dadas mil escolhas diferentes, mesmo que, possivelmente, melhores do que essa que fizemos, ainda assim nós estaríamos aqui hoje.
Se nos fosse dada a oportunidade de ter todo o sucesso do mundo com apenas um estalar de dedos, e se pudéssemos optar por trilhar o caminho mais fácil e livre de obstáculos que possa existir, ainda assim nós estaríamos aqui hoje.
Porque um homem e uma mulher não são feitos apenas dos lugares até onde chegam, mas sim dos caminhos que percorrem. Um homem e uma mulher não são definidos apenas por aquilo que eles alcançam, mas, sim, pela garra com que tentam alcançar. Um homem e uma mulher não são vitoriosos apenas quando vencem, mas com certeza são quando lutam. Batalham, guerreiam, caem, levantam. E não desistem!
Porque nós somos feitos pelas nossas escolhas, por mais fáceis ou difíceis que elas sejam.
Às vezes, as frustrações tiram o brilho do nosso olhar.
A decepção de acreditar em vão por tantas vezes, de abrigar a expectativa e encontrar somente a frustração, acaba nos tirando a esperança. Então desistimos de sonhar. Abrigamos a incredulidade com a esperança de que ela nos proteja da decepção, porque nós temos medo de acreditar. Nós temos medo de sonhar.
Acontece que, há cinco anos, nós escolhemos desabrigar a incredulidade.
Nós escolhemos acolher a esperança, e demos um lugar em nossa alma, mente e coração, para a transformação que o conhecimento do Direito poderia provocar em cada um de nós.
E foram cinco anos de lutas.
De aprendizados alcançados com o verdadeiro suor com sabor de sangue, de esgotamento, e de café. Muito café.
Foi um período de renúncias.
Onde as mães tiveram menos tempo para cuidar de suas filhas, os pais menos tempo para passar com seus filhos, e os irmãos menos tempo para estar com seus irmãos.
Mas, este também foi um período de adição.
Adição de amigos e amigas ao Orkut, depois ao Facebook, e agora ao Whatsapp, no entanto, principalmente, um período para adicionar todas essas pessoas no nosso coração.
Independentemente de qualquer experiência de vida que cada um tivesse no início, fica a certeza que nós somamos uns aos outros ao longo desse período.
E apesar de qualquer desentendimento que tenhamos tido durante essa etapa, fica aqui uma certeza, ainda maior, que ninguém sai hoje menor do que entrou. Ninguém.
Pois hoje temos a missão de propagar a justiça, que pode facilmente confundir-se com missão a de fazer o bem.
E fazer o bem é como montar um grande quebra-cabeça. Ninguém é tão rico ao ponto de possuir todas as peças, e ninguém é tão miserável ao ponto de não poder contribuir com ao menos uma.
Isso é fazer justiça.
Somar pequenas atitudes até moldar grandes propósitos. Promover a igualdade ante a desigualdade. Promover o direito aos que têm direitos. Promover o bem em todas as hipóteses.
E isso cabe não apenas a nós, formandos, mas a todos que hoje lotam esta plateia.
Meus amigos e minhas amigas.
Se sairmos daqui hoje com o sonho de nos tornarmos grandes advogados, estaremos sonhando baixo. Se sairmos daqui hoje com o sonho de nos tornarmos reconhecidos promotores, estaremos sonhando baixo. Se sairmos daqui hoje com o sonho de nos tornarmos ilustres juízes, estaremos sonhando baixo. Se sairmos daqui hoje com o sonho de nos tornarmos egrégios desembargadores, estaremos sonhando baixo. E se sairmos daqui hoje com o sonho de nos tornarmos magnânimos ministros, estaremos sonhando baixo demais!
Mas se sairmos daqui hoje com o simples desejo de nos tornarmos seres humanos melhores, amigos melhores, pais melhores, irmãos melhores, nós estaremos sonhando dez metros acima do céu.
Muito obrigado!

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