Jales: as árvores e o fósforo
Na última quarta-feira, 16, a cidade de Jales – minha atual “segunda casa” – completou 74 anos de fundação.
Mesmo entre altos e baixos, consigo enxergar com clareza a verdadeira força e importância da história daquele município.
Entre muitos aspectos positivos, posso destacar com convicção a grande força de seu comércio, que, ao contrário de outras localidades (como Santa Fé do Sul, por exemplo), parece estar sempre pronto para abranger ainda mais participantes ativos, independentemente do ramo pretendido.
Resumindo: vejo muitas portas abrindo e poucas fechando. Existe espaço (e clientes) para todos.
O que falta para Jales é voz.
Parte por culpa de administrações que não se importaram em seguir e não souberam fixar ideais para perseguir, contentando-se com a mediocridade de existir.
Acontece que, em outra parte, pode-se dizer que a culpa está com aqueles que se calam diante das inúmeras situações caóticas que se desenrolam na cidade.
Entretanto, carece prevalecer a existência do governante, com toda a sua equipe, ou a existência da cidade, com toda a sua história?
A resposta é lógica.
A figura do representante do povo – que deve primordialmente entender que representa os interesses deste, e não apenas os próprios – é efêmera, porém, a história e o legado de um município e de sua população sempre será infindável.
Durante este período que estou em Jales, conheci pessoas que doam o tempo e praticamente o sangue para batalhar por melhorias para aquela terra. São incansáveis.
No entanto, notei alguns que saem de um buraco pisando no outro, mas que parecem não se importar com isso. Infelizmente existem, sim, aqueles que, apesar da situação visivelmente complicada, mostram-se absolutamente indiferentes.
Isso faz com que aquele que peleja por avanço tenha que lutar duas vezes mais, pois precisa tentar fazer sua voz substituir o silêncio inaceitável da outra parte que tudo aceita.
Os tempos são difíceis para Jales, mas o tempo também carrega uma lição que, indubitavelmente, injeta ânimo para todos que clamam por mudança: tudo se modifica através do seu passar.
Diz o seguinte a famosa “Lição do Tempo” (Karma):
“Quando um pássaro está vivo, ele come as formigas, mas quando o pássaro morre, são as formigas que o comem. Tempo e circunstâncias podem mudar a qualquer minuto. Por isso, não desvalorize ou machuque ninguém e nenhuma coisa à sua volta. Você pode ter poder hoje, mas, lembre-se: O tempo é mais precioso do que qualquer um de nós! Saiba que uma árvore faz um milhão de fósforos, mas basta um fósforo para queimar milhões de árvores. Portanto, seja bom. Faça o bem!”
Alguns governantes se acham “árvores”, mas esquecem de que o povo é o “fósforo”.
Resta esperar que esse fósforo queime-os e replante a esperança.