Liberdade e libertinagem; filhas do mesmo pai?
Durante essa semana o Papa Francisco declarou que a “liberdade de expressão” não dá direito a “insultar” o próximo, e que matar em nome de Deus é um “absurdo”.
Estou com ele nessa.
A liberdade de expressão é um direito fundamental da humanidade, isso é fato.
Porém, creio também na liberdade religiosa, outro direito fundamental da sociedade mundial.
Nada justifica as barbaridades cometidas pelos terroristas que atacaram a redação do jornal francês “Charlie Hebdo” e tiraram mais de uma dezena de vidas, até porque, na verdade, creio que tais assassinos não representavam realmente a religião em nome da qual afirmam ter matado aquelas pessoas.
Eram apenas fanáticos. Lunáticos, aliás.
O mesmo jornal francês, no passado, publicou várias imagens satíricas de Deus, Jesus Cristo, da Virgem Maria e do catolicismo, de modo geral. Todas bem “pesadas”, para dizer pouco.
Eu, como católico, repudio veementemente tais ações, pois creio que, acima da liberdade da piada, e do dito “senso de humor”, deveria sempre pairar o respeito.
Ainda assim, guardo esse repudio para o campo das argumentações contra tais atos (como faço agora), e jamais teria coragem de fazer ou estimular qualquer ataque contra aqueles que não respeitam minha religião.
Se ambas as liberdades, de expressão e religiosa, são fundamentais, seria preciso ambos os lados conscientizarem-se de “até onde se pode ir”, sem invadir ou desrespeitar o espaço alheio.
Não se deve falar em “valoração das liberdades”, ambas devem coexistir de forma equilibrada para terem um real sentido.
A questão é muito complicada, de fato.
E o maior “problema” da liberdade é esse: um dia ela vai esbarrar em algo que, de uma forma ou de outra, lhe atinge também.
É importante ter discernimento e utilizar-se de certa sabedoria para suportar, pois, para alguns, infelizmente, liberdade e libertinagem são “filhas do mesmo pai”.
Um triste engano.