O melhor que você pode ser
Em tempos da tão polêmica Olimpíada do Rio 2016, que em muitos pontos é criticada pelos brasileiros, principalmente em razão de ocorrer em um momento tão crítico para o país, que atravessa uma grave crise econômica e política, gostaria de propor uma reflexão utilizando os jogos olímpicos e seus atletas.
Indiscutivelmente os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que já começaram, reúnem o que há de melhor no esporte mundial.
Apesar de alguns atletas de determinadas categorias desempenharem constantemente as suas atividades em outras competições ao longo desse período de quatro anos que separa uma Olímpiada de outra – como acontece no futebol, vôlei, basquete, entre outras modalidades –, existem aqueles esportistas que, conforme algumas matérias televisivas têm mostrado, praticamente apenas treinam durante esse considerável intervalo dos Jogos Olímpicos, participando de poucas competições e focando ao máximo em aperfeiçoar o seu rendimento.
Em síntese, um atleta, muitas vezes, passa um intervalo de quatro anos apenas treinando – e muito – para no fim desse período participar dos Jogos Olímpicos. Algumas vezes em competições que duram apenas alguns minutos.
Você consegue imaginar o tipo de foco que é necessário para fazer algo assim?
Você entende que o atleta que faz uma escolha dessas direciona a sua vida para um único objetivo?
Então, agora lhe pergunto: você entende verdadeiramente qual é esse objetivo?
Se a resposta na sua mente foi “para ganhar uma medalha”, quero que reflita um pouco além disso.
Por mais que uma medalha de ouro, prata ou bronze de uma Olímpiada seja, no patamar do esporte, o mais alto “nível” a ser alcançado, certamente esse não é o único objetivo de um atleta de ponta, que passa por longas e duras preparações.
A medalha é um objeto. Muitos já a receberem e depois a perderam, foram roubados ou até mesmo a jogaram fora.
A premiação é um momento. Por mais emocionante que seja, e que massageie o ego, esse momento passa.
Já a sensação permanece.
Não apenas a sensação de quem vence, que certamente é incrível, mas também a de todos aqueles que competem dando o seu melhor. Fazendo aquilo para que tanto se esforçaram e que se sentem destinados a fazer.
Muitos atletas nunca ganharam uma Olímpiada, mas entraram para a história do esporte.
A maratonista suíça Gabrielle Andersen é um exemplo disso, após protagonizar uma das cenas mais memoráveis do esporte nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984.
Gabrielle, atormentada por dores e câimbras, completamente desidratada e desorientada pelo esforço e pelo calor, cambaleou os últimos duzentos metros até a linha de chegada do estádio olímpico de Los Angeles, demorando cerca de dez minutos para completar essa distância final, quando então caiu desacordada sobre os médicos que a aguardavam um passo após essa linha.
A suíça foi a 37ª colocada entre as 44 corredoras da prova, mas até hoje todos lembram o seu nome e respeitam o seu feito.
O motivo disso ocorrer é simples: ela não foi a melhor, mas deu o seu melhor.
Portanto, sempre que iniciamos um projeto, idealizamos um sonho, ou nos vemos na persecução de um objetivo, essa deve ser a nossa maior meta: nos prepararmos para darmos o nosso melhor, independentemente se realmente conseguiremos ser os melhores.
Afinal, nem sempre haverá uma “medalha” no fim de uma longa e árdua “prova”, mas, se soubermos que nos dedicamos no limite da nossa capacidade, sem dúvidas ela será dispensável, bastando-nos o sentimento de realização e dever cumprido.
Então, viva para ser o melhor que você pode ser, mesmo que isso não signifique ser o melhor de todos.
Dedico essa coluna de hoje à Camila, a bondosa estagiária do Núcleo de Prática Jurídica e estudante do quinto ano de Direito da faculdade Unicastelo, em Fernandópolis, que salvou de um “sufoco”.
Camila, parabéns por pensar no próximo e ser “o melhor que você pode ser”. É ouro!