Os sapatos alheios
Assisti a um vídeo esta semana que retrata uma situação bem interessante.
Um pobre garoto caminhava pelo parque, enquanto encarava, entristecido, suas roupas velhas e rasgadas, e seus sapatos, com grandes buracos na parte da frente.
Ao chegar num banco para se sentar, notou que ali havia outro garoto, também de sua idade, só que vestindo roupas novas e sapatos intactos.
Quando o pobre menino se sentou, o garoto, sorrindo, lhe acenou da outra ponta do banco, porém, envergonhado, o menino pobre mais uma vez encarou a situação de suas humildes vestimentas, e decidiu se levantar e ir encostar-se a uma árvore próxima dali.
Sentado no chão, tirou os velhos sapatos dos pés e calçou-os nas mãos, utilizando os buracos de ambos na parte da frente como se fossem fantoches, e iniciou então um diálogo de um para o outro.
– O que você acha de ser assim?
– Eu não sei…
– Isso não é justo!
-Sim, eu sei. Não há nada que possa fazer.
– Eu não quero ser assim.
– Nem eu.
Largando os sapatos ao chão, o menino desabafou para si mesmo:
– Eu quero sapatos como os dele!
Então ele fechou seus olhos, e passou a repetir de forma convicta:
– Eu quero ser como ele. Eu quero ser como ele! EU QUERO SER COMO ELE!!!
Um segundo se passou e, quando o pobre menino abriu os olhos, estava sentado no banco do parque, vestindo as roupas e os sapatos novíssimos do outro garoto.
Enquanto admirava a beleza das roupas que vestia, notou que o outro garoto, agora com as roupas e sapatos velhos que eram dele, corria pelo campo gritando de tanta felicidade.
Antes que pudesse tentar entender o motivo, uma velha senhora se aproximou do banco empurrando uma cadeira de rodas e lhe disse:
– Desculpe demorar tanto tempo querido, está pronto para ir agora?
Essa história retrata muito do que algumas pessoas fazem.
Cobiçam o que é do próximo, acham que seus fardos são sempre mais pesados, e que, se estivessem no lugar da outra pessoa, que, aparentemente, julgam não ter tantos problemas, tudo seria mais fácil.
Mas acontece que ninguém sabe exatamente o que se passa na vida dos outros. Ninguém conhece o verdadeiro peso do fardo alheio, apenas o do próprio.
Então, é preciso ter a sabedoria de aceitar aquilo que a vida e Deus nos dá, sabendo que para tudo existe um tempo e um propósito.
Nunca diga “eu quero ser como ele”. Nunca queira calçar os sapatos de outros pés, pois o mais importante nessa vida é onde nossos passos podem nos levar, e o caminho que escolhemos percorrer para chegar até lá.