Recordar é viver: “Os cinco verbos da vida”
Este mês foi divulgado o edital do Mapa Cultural Paulista (Edição 2014-2015), um dos mais importantes projetos culturais do Estado de São Paulo e do país, tendo o intuito de formar e circular artistas por todo o estado.
Na última edição (2013-2014) tive a honra de poder participar representando o município de Santa Fé do Sul nas três subcategorias existentes na categoria Literatura. Foram elas: Conto, Crônica e Poesia.
Já de olho na possível oportunidade de representar mais uma vez nossa cidade nesta nova edição, gostaria de compartilhar agora um dos meus textos inscritos no último Mapa Cultural Paulista.
Trata-se da crônica poética intitulada “Os cinco verbos da vida”, que segue abaixo.
“Percebi que a vida é tão dura quanto é bela. Que ela bate, machuca e deteriora; mas que também nos dá o remédio, o perdão e a sabedoria, tudo à sua hora. Percebi que não existe idade para sairmos dela, então que também não devemos escolher idade para vivê-la plenamente. Percebi que as mágoas vêm e só a gente pode fazê-las irem embora, seja por ora, seja para sempre. Pode ser a alma que está pesada, assombrada, doente, mas, às vezes, na maioria delas, o medo só está na mente. Percebi que tudo começa agora, mas acaba de repente.
Aprendi que todos os dias estamos aprendendo. Que quem mais sofre é quem mais melhora, e que aquele que não arrisca é quem mais erra. A felicidade não conhece “depois”, é “nunca” ou “agora”. Aprendi que devemos buscar a verdade. Que nem sempre precisamos daquilo que queremos, mas que sempre teremos aquilo que for preciso, se tivermos fé. Podemos atravessar o mundo com a consciência tranquila, mas não atravessamos a rua com algo pesando nela. Aprendi que o amor é tão quente quanto o incêndio de uma floresta, e tão instável quanto à chama de uma vela.
Afastei tudo que fazia mal. Aquilo que consumia a energia da alma, pelo simples fato do medo de perder. Afastei tudo que não foi real. De conhecidos a amores, encaixotei aquilo que trouxe banalidade, joguei pra fora, tranquei a porta e disse “até jamais”. Afastei quem fez menos, pra dar espaço pra quem fez mais.
Mudei quando foi necessário. Refiz alguns caminhos pra poder passar, porque a tempestade não escolhe a hora de ca ir, e só nos resta estar pronto, atravessar. Mudei conceitos que percebi serem falhos. Atravessei dolorosas mudanças, mas não deixei a dor me mudar. Mudei o sorriso, mudei o olhar, mas mudei pra melhor. Mudei meu jeito de enxergar o mundo, mas não – apesar de tudo – não deixei a maldade do mundo me mudar.
Amei quem me amou e quem ainda vai me amar. Amei meus filhos, meus amigos, meus amores, meus sorrisos, minhas conquistas, minhas dores. Amei até meus inimigos pra ver se o amor poderia lhes mudar. Amei quem mereceu, amei quem me fez chorar. Amei família, cachorro, gato, peixe e passarinho. Amei depressa, amei normal, amei devagarinho. Amei de tantas formas, tanta gente, em tantos lugares, que seria necessário todo espaço do mundo pra poder me declarar. Amei dizer “eu te amo”, amei abraçar, amei tocar. Amei e amo, Deus e toda minha vida. A verdade é que amei amar.
Ao fim de tudo, percebi que aprendi todos os dias até hoje, que mesmo nos momentos em que me afastei da felicidade, e tive que ver meu sorriso mudar por uma lágrima, ainda assim, não deixei de amar esse presente divino que é a vida, e todas as recompensas que ela nos dá.”